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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Chávez, duro de matar, e o “majunche”

Embora a mídia não apenas preveja sua morte política, mas a física também, o presidente venezuelano parece não estar dando muita atenção aos agouros. Ontem, o jornalista Joé Vicente Rangel divulgou, em seu programa de televisão, que uma pesquisa do Instituto Venezuelano de Análise de Dados aponta uma intenção de votos de 57.7 % a favor de vez,  29.9% contrários e 12,8 afirmando não saber ou recusando-se a responder, em pesquisa realizada em janeiro deste ano.
A diferença em favor de Chávez chegou a 27,8%, 17 pontos a mais que em junho passado e dez a mais que em outubro, quando o impacto de sua doença já havia sido absorvido pela sociedade.
Chávez, que ridicularizou os boartos sobre o agravamento de seu estado de saúde, começou a bater no candidato da direita, Henrique Caprilles Radonski, a quem só chama agora de “majunche”, algo como “medíocre” ou “de segunda” em português, como você pode ouvir no vídeo aí em cima, feito na formatura de médicos comunais na semana passada.
*Tijolaço

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