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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Dilma encontra ator americano Sean Penn no Haiti

Reparem que os dois estão dentro das instalações brasileiras no quartel do Batalhão Haiti


Em visita a Porto Príncipe, presidenta encontra ator americano que realiza trabalhos humanitários no país desde tremor de 2010

iG São Paulo

A presidenta Dilma Rousseff encontrou o ator americano Sean Penn na quarta-feira, durante visita oficial ao Haiti. Nomeado embaixador itinerante do país na terça-feira, Penn promove trabalhos humanitários na capital, Porto Príncipe, desde o terremoto de janeiro de 2010.



Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Sean Penn e Dilma Rousseff posam para foto em Porto Príncipe, capital do Haiti (01/02)
O Palácio do Planalto divulgou uma imagem do encontro de Dilma com o ator, que aconteceu em Porto Príncipe, mas não deu informações sobre o que eles conversaram.
Penn já provocou várias polêmicas por sua atuação política. Crítico do ex-presidente George W. Bush (2001-2009), ele foi ao Iraque para se manifestar contra a guerra dos EUA no país, sobre o qual escreveu artigos para o jornal San Francisco Chronicle. Pela mesma publicação, escreveu sobre o Irã.
Em 2005, quando o furacão Katrina arrasou Nova Orleans, ele foi à cidade e ajudou a resgatar sobreviventes. Porém, foi acusado de contratar fotógrafos para se promover, o que negou. Desde 2010, fundou uma organização humanitária que comanda um acampamento para vítimas do terremoto do Haiti.

Visita oficial
Dilma deixou o Haiti na quarta-feira, finalizando a breve passagem pelo país com uma visita ao quartel-general dos militares brasileiros da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).
Acompanhada do presidente haitiano, Michel Martelly, a presidenta foi até a sede do batalhão em Tabarre, na periferia de Porto Príncipe, e expressou sua satisfação pelo trabalho realizado pelos soldados brasileiros no Haiti. "A cooperação entre os militares do Brasil com os demais contingentes e com o governo do Haiti produziu bons resultados", avaliou.
A presidenta confirmou a redução do número de militares brasileiros na Minustah, o maior entre todos os contingentes, mas não definiu um cronograma.
Dilma e Martelly também discutiram a imigração ilegal de haitianos que se instalam no Brasil desde o início do ano. Em janeiro, o governo brasileiro decidiu regularizar cerca de 4 mil haitianos que já estão no Brasil e criou um visto especial de permanência, que não exige a comprovação de vínculo empregatício antes da vinda para o País. As novas regras poderão beneficiar 1,2 mil haitianos por ano.
“Reafirmo o duplo propósito das políticas de visto: garantir o acesso em condições de segurança e de dignidade e, ao mesmo tempo, combater o tráfico de pessoas, o que temos feito em cooperação com países vizinhos”, disse a presidenta.
Com AP, Reuters, AFP

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