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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Visitante não deve ditar regras a visitado


Visitante não deve ditar regras para país visitado, diz ministro ao comentar ida de Dilma a Cuba
Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Ao comentar as declarações feitas pela presidenta Dilma Rousseff esta semana durante visita a Cuba, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, avaliou hoje (2) que a questão dos direitos humanos é de tamanha importância e nobreza que não pode se prestar a ser um “mero ataque diversionista” para atingir um governo.
Na visita, a presidenta evitou discutir o tema direitos humanos. “As pessoas estão um pouco habituadas a um comportamento que já se teve na história e muito inadequado de você chegar a um país como visitante e ditar regras para aquele visitado. Isso é um comportamento imperial que não deve caber ao Brasil e a presidenta Dilma jamais faria isso”, disse o ministro. “Seria adequado que ela fizesse alguma crítica a Cuba, se for o caso, aqui no Brasil, não lá no país que ela está visitando”, completou.
Ao participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela EBC Serviços em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência, Carvalho disse ainda que há um “silêncio cúmplice” em relação à prisão da base norte-americana na Baía de Guantánamo.
“A presidenta citou Guantánamo porque é bom lembrar que há um grande enfoque da questão de direitos humanos apenas em países como Cuba e ela fez questão de lembrar que, na própria ilha, há um pedaço do território que não pertence a Cuba e pertence aos Estados Unidos, onde a violação dos direitos humanos é histórica.”
Para ele, a intenção de Dilma não foi a de se omitir em relação às violações registradas em Guantánamo, mas defender uma postura mais séria na discussão sobre os direitos humanos. “Ou se faz isso de maneira séria em todo o mundo, com a autocrítica necessária em cada um dos países, ou isso serve apenas para fazer um ataque político a este ou àquele país”, concluiu.
Edição: Juliana Andrade
*esquerdopata

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