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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Juristas apoiam famílias do Pinheirinho, com ato político e denúncia à OEA

Eles tem que pagar por isso...


Um manifesto assinado por mais de 200 procuradores de Justiça, promotores, juízes, e professores universitários será entregue à Organização dos Estados Americanos (OEA). No documento, os juristas denunciam as violações de direitos ocorridas na reintegração de posse na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).
Além disso, será realizado um ato de repúdio, nesta quinta-feira (16), em frente à Faculdade de direito do Largo São Francisco, na capital. Carlos Duarte, presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo, afirma que havia possibilidades de garantir a quase duas mil famílias o direito de permanecer no local.
“Já estava ocorrendo um acordo entre as partes. Havia uma grande possibilidade de as pessoas permanecerem pelo menos naquele momento e o Governo do Estado, através do Poder Judiciário e da Polícia Militar, desconsiderou e autorizou a operação.”
O Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe) recebeu pelo menos 500 denúncias de perda de pertences e violência física sofrida durante a desocupação. De acordo com Duarte, as famílias podem ser indenizadas, mas a medida não é suficiente para reparar os danos.
“As pessoas já saíram de lá, provavelmente não voltarão e acho que a grande questão aí é a violência. As consequências para essa população são terríveis. Onde vão morar, como vão morar?”
A ação de reintegração reuniu cerca de 2 mil homens da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. No manifesto, os juristas “denunciam esses atos como imorais e inconstitucionais e exigem, em nome dos princípios republicanos, apuração e sanções”.
*cappacete

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