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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Legado da Copa: Ricardo Teixeira sai da CBF

Ricardo Teixeira e José Roberto Arruda: negócios do amistoso da seleção em Brasília envolveram amigos de Daniel Dantas?
A matéria da Folha, hoje, ligando o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, à empresa acusada de superfaturar a realização de um amistoso da seleção em Brasília parece ter sido a pá de cal no longo e polêmico mandato do dirigente à frente da entidade máxima do futebol brasileiro.
Mas, se a imprensa for atrás, essa pá de cal pode levantar muita poeira.
A Ailanto foi registrada pelo advogado Eduardo Duarte, apontado como laranja do banqueiro Daniel Dantas pela Operação Satiagraha, segundo informou, em 2009, o jornalista Juca Kfouri. Eduardo foi quem criou, com capital de R$ 800, a empresa que hoje tem o nome de GME4, um  negócio milionário do banqueiro de compra e venda de lavras minerais.
Seja qual for a razão, há hoje  um imenso diferencial em relação aos outros imbróglios em que se meteu o ainda presidente da CBF: a Copa, que é um assunto que vai além dos cordões controlados por Teixeira. E que diz respeito ao país e, portanto, tem como maior responsável a presiddenta Dilma Rousseff.
Dilma, todos sabem, fechou a cara e recolheu os tapetes vermelhos que normalmente se estendiam para Ricardo Teixeira.
Parece que, dois anos antes de começar e antes que fiquem prontas as grandes obras para a competição, parece que a Copa já está por nos dar o seu primeiro grande legado.
Embora, em matéria de dirigentes de futebol, tudo sempre possa piorar, a ausência de Ricardo Teixeira talvez preencha uma lacuna no esporte que é a grande paixão do brasileiro.
*Tijolaço

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