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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Mais Sem Noção e Mais Safado Que Maluf, e Tão Nocivo

Serra negocia com tucanos condições para ser candidato

DE SÃO PAULO
 O ex-governador José Serra já negocia com o governador Geraldo Alckmin condições para se candidatar a prefeito de São Paulo pelo PSDB, informa reportagem de Vera Magalhães e Daniela Lima, publicada na Folha desta terça-feira (a íntegra está disponível assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Serra, que antes dizia não ter interesse em disputar novamente a prefeitura nas eleições deste ano, conversou com Alckmin na semana passada e afirmou que estava reconsiderando sua decisão.Ontem, o ex-presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo José Henrique Reis Lobo voltou a atacar a realização de prévias pela legenda e disse que a sua opinião encontra respaldo em setores do partido.
Na semana passada, ele causou polêmica no partido ao criticar a consulta interna para escolher o candidato a prefeito da capital paulista. A iniciativa foi apontada por integrantes da legenda como um recado de Serra.
Concorrem às prévias, marcadas para 4 de março, o deputado federal Ricardo Tripoli e os secretários Bruno Covas (Meio Ambiente), José Aníbal (Energia) e Andrea Matarazzo (Cultura).
*AmoralNato

Instiuto Millenium dá ultimato a Serra

Merval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg, porta vozes oficiais do Instituto Millenium, mandaram hoje (14/02/2012) um recado a José Serra.
Curto e grosso: Serra você está em fim de carreira, contente-se com a prefeitura de São Paulo e declare publicamente que o candidato à presidência da República em 2014 é Aécio Neves. Se aceitar o "conselho" dos porta vozes do Millenium, terá todo apoio da midiazona tradicional que sempre o apoiou, caso contrário, pegue seu chapéu e saia de fininho.
É pegar ou largar!
Ouça aqui, o "conselho espiritual" dado ao Serra pelos conselheiros do Milenium.

Serra e o espírito de 32

A campanha de 1932, que depois seria, em 1964, reciclada pelo "Ouro para o bem do Brasil". Do bem, nem se sabe, já o ouro...
A notícia dada hoje pela Folha de S. Paulo, de que José Serra negocia (sic) com Geraldo Alckmin sua candidatura à prefeitura paulistana é a prova de que a política, por mais hipocrisia e arranjos que abrigue, sempre leva as disputas para algo que representa, de fato, o conflito de projetos políticos.
Serra, candidato, é um perigo e uma esperança.
É evidente que ele é, de longe, um candidato com mais chances de vitória do que os “famosos quem” que disputam a indicação tucana para o pleito. Aliás, a história de que eles seriam “o principal obstáculo” à candidatura Serra é de rolar de rir.
E também é um quase definitivo golpe contra a articulação de Lula  que, livrando Kassab da posição de “saco de pancadas”, pudesse enfraquecer ainda mais o tucanato paulista e tirar-lhe, em outubro, a sustentação do terceiro ou quarto governo em importância nacional, o da municipalidade paulistana.
Mas, ao inverso destes riscos, caminha um fator desafiante.
Serra na disputa traduz o que foi, para além das aparências “constitucionalistas” , o movimento de 1932: a reação das oligarquias ao processo de transformação do Brasil que a Revolução de 30 havia desencadeado.
Claor que a paráfrase tem suas diferenças objetivas, e muitas, mas esta é a essência desta disputa.
Um “famoso quem” como candidato tucano seria aquele brado dos oficiais do Batalhão Universitário Paulista – qualquer coincidência é mera ironia – que gritavam em francês “salve-se quem puder” diante da entrada de Vargas em Itararé.
É verdade que Lula, hoje,  como o Vargas do segundo mandato, quer soluções menos cruentas, e que bom que seja assim.
A inclusão de Gilbertto Kassab numa aliança vitoriosa deveria ter soado como a garantia de que há espaço – e tem mesmo de haver -  para a riqueza e tipicidade paulistas no Brasil que está sendo reconstruído. Mas que é preciso reverter o modelo concentrador riqueza e semi-separatista que se acentuou após o golpe de 64, e que São Paulo pode ter outro destino que não o de ponto de drenagem da riqueza brasileira.
A candidatura Serra torna mais evidente esta reorganização do Brasil, porque não será por questões essencialmente municipais da paulicéia que ele terá votos, mas pela reação, raivosa e irracional, a um novo projeto de Brasil: inclusivo, desevolvimentista e equilibrado regionalmente. E que São Paulo não precisa ser Wall Street para ser Nova York, que jamais seria o que é se o resto dos EUA fossem um país miserável.
É para evitar isso que Lula vinha se movendo, nas suas difíceis condições pessoais e enfrentando um enorme desgaste – que só ele, com o seu crédito pessoal poderia enfrentar – ao defender uma aliança com Kassab.
Sabe que a candidatura Serra é feia e perigosa como um estertor, que tem o esgar, jamais o sorriso, que tem a morte e o ódio, jamais a vida e o amor ao ser humano.
Mas é, ao mesmo tempo, o sinal da fraqueza da fera em agonia, expresso em dentes e garras implacáveis por sua própria sobrevivência.
Sabe que, morto o PSDB em São Paulo, a direita brasileira, espalhada por todo o país, estará muito perto de jogar ao mar o grupo servil e elitista  no qual  se representa e munir-se de novas caras, novos líderes e, sobretudo, de projetos diferentes daqueles que, há uma década, tornaram-se intragáveis para o povo brasileiro.
*Tijolaço


*Brasil Mobilizado
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