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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 14, 2012

PERU - CAPTURADO O ÚLTIMO LIDER DO GRUPO GUERRILHEIRO SENDERO LUMINOSO

"Camarada Artemio" a ser transportado numa maca para Lima

"Camarada Artemio" a ser transportado numa maca para Lima (Foto: AFP)
O último líder do Sendero Luminoso, conhecido como “ camarada Artemio”, foi capturado na selva do Alto Huallaga, confirmou o Presidente do Peru, Ollanta Humala.
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“Isto permite-nos hoje dizer ao país que derrotamos a delinquência terrorista no Alto Huallaga ao capturar com vida Artemio, que está a receber tratamento aos seus ferimentos”, congratulou-se o chefe de Estado ((foto á direita da maca do guerrilheiro ferido,) em declarações à Televisão Nacional do Peru, enquanto eram transmitidas imagens suas ao lado da cama de hospital onde se encontra o líder da guerrilha.
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No domingo chegou a ser avançado que o último líder do grupo terrorista que se encontrava em liberdade tinha sido morto. No entanto, o Presidente peruano deslocou-se à localidade de Santa Lucía, uma zona de selva no norte do país e que tem servido de base militar à guerrilha, para acompanhar os procedimentos e garantir que “Artemio” seria entregue ao Ministério Público, em cumprimento dos direitos humanos.
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Ollanta Humala adiantou que aconselhou Artemio – que segundo o Governo se chama realmente Florindo Eleuterio Flores – a pedir aos seus seguidores que larguem as armas e que coloquem um ponto final na violência. O detido foi transportado num avião militar para Lima, encontrando-se neste momento no hospital da polícia do país. O responsável peruano elogiou “o profissionalismo das forças da ordem” – que na mesma operação conseguiram deter outros membros da guerrilha e material diverso, como armas, munições, telemóveis e propaganda.

Há dois anos os Estados Unidos tinham oferecido uma recompensa milionária a quem conseguisse capturar Artemio – depois de, em 2002, uma bomba que explodiu junto à embaixada norte-americana em Lima ter feito nove vítimas mortais e o ataque ter sido atribuído ao Sendero Luminoso.

O próprio Presidente peruano, que foi ex-comandante do Exército, chegou a estar destacado na década de 1990 na zona onde agora aconteceu a detenção, mas na altura não conseguiu capturar Artemio, agora com cerca de 50 anos. “Tenho de agradecer a Deus que as circunstâncias da vida me tenham permitido estar hoje aqui como Presidente do Peru”, disse, citado pela Reuters, acrescentando que a sua prioridade será agora recuperar a zona associada à guerrilha e que tem “um potencial turístico e económico extraordinário”.
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Artemio, num acampamento secreto na Amazônia peruana
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O grupo maoísta Sendero Luminoso começou por ser visto como um movimento reformista, no início de 1980, visando criar uma nova ordem social. 
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Foi, no entanto, considerada o grupo insurrecto mais poderoso da América do Sul, com 10 mil membros, tendo entre 1980 e 2000 travado uma guerra civil em que terão morrido 70 mil pessoas.
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Desde que Abimael Guzmán (foto acima e abaixo), fundador do Sendero, foi capturado em 1992.
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o movimento dividiu-se entre rebeldes que aceitaram o apelo do líder histórico para um acordo de paz, e dissidentes que juraram continuar a luta armada e que se associaram ao tráfico de droga.
*MilitânciaViva 

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