Petição condena defesa de assassinatos feita por comentaristas da Globo
Via CartaMaior
"Ao
divulgar a defesa da prática do assassinato como meio de fazer
política, a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo – não importa se de
natureza religiosa ou ideológica – e abre um precedente muito perigoso
no Brasil", diz petição. No dia 15 de janeiro deste ano, o jornalista
Caio Blinder, da Rede Globo, defendeu abertamente no programa Manhattan
Conection o assassinato de cientistas iranianos como um meio válido de
fazer política.
Redação
Um grupo de jornalistas, professores e estudantes decidiu criar um abaixo-assinado
'contra a defesa explícita da prática de assassinatos como meio de
fazer política, perpetrada por comentaristas da Rede Globo'. No dia
15 de janeiro deste ano, o jornalista Caio Blinder defendeu abertamente
no programa Manhattan Conection o assassinato de cientistas iranianos
como um meio válido de fazer política. O comentário foi apoiado por
Diogo Mainardi, outro comentarista da Globo. A petição que está
circulando na interne afirma:
Srs. Diretores da Rede Globo
Causa
profunda surpresa, indignação e perplexidade assistir a um programa de
vossa emissora em que jornalistas, comentaristas e palpiteiros assumam a
defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer
política.
Isso foi feito abertamente, no dia
15.01.2012, por Diogo Mainardi e Caio Blinder, ambos empregados da Rede
Globo (o trecho em questão pode ser acessado pelo link:
Depois
de fazer brincadeiras de gosto muito duvidoso sobre a sua suposta
condição de agente do Mossad (serviço secreto israelense), Caio Blinder
alegou que os cientistas que trabalham no programa nuclear iraniano são
empregados de um “estado terrorista”, que “viola as resoluções da ONU” e
que por isso o seu assassinato não constituiria um ato terrorista, mas
sim um ato legítimo de defesa contra o terrorismo. Trata-se, é óbvio, de
uma lógica primária e rudimentar, com a qual Mainardi concordou
integralmente.
Parece não ocorrer a ambos o
fato de que o Estado de Israel é liderança mundial quando se trata em
violar as resoluções da ONU, e que é acusado de prática de terrorismo
pela imensa maioria dos países-membros da entidade. Será que Caio
Blinder defende, então, o assassinato seletivo de cientistas que
trabalham no programa nuclear israelense (jamais oficializado, jamais
reconhecido mas amplamente conhecido e documentado)?
Ambos,
Caio Blinder e Diogo Mainardi - se associam ao evangelista
fundamentalista estadunidense Pat Robertson, que, em abril de 2005,
defendeu em rede nacional de televisão, com “argumentos” semelhantes, o
assassinato do presidente venezuelano Hugo Chávez, provocando
comentários constrangidos da Casa Branca.
Ao
divulgar a defesa da prática do assassinato como meio de fazer política,
a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo – não importa se de natureza
religiosa ou ideológica – e abre um precedente muito perigoso no
Brasil. Isso é inaceitável.
Atenção: não
defendemos, aqui, qualquer tipo de censura, nem queremos restringir a
liberdade de expressão. Não se trata de desqualificar ideias ou
conceitos explicitados por vossos funcionários. O que está em discussão
não são apenas ideias. Não são as opiniões de quem quer que seja sobre o
programa nuclear iraniano (ou israelense, ou estadunidense...), mas sim
o direito que tem uma emissora de levar ao ar a defesa da prática do
assassinato, ainda mais feita por articulistas marcadamente
preconceituosos e racistas. Em abril de 2011, o mesmo Caio Blinder
qualificou como “piranha” a rainha Rania da Jordânia, estendendo por
meio dela o insulto às mulheres islâmicas. Mainardi é pródigo em
insultos, não apenas contra o Islã mas também contra o povo brasileiro.
Se
uma emissora do porte da Globo dá abrigo a tais absurdos, mais tarde
não poderá se lamentar quando outros começarem a defender, entre outras
coisas, a legitimidade de se plantar bombas contra instalações de vossa
emissora por quaisquer motivos, reais ou imaginários – por exemplo, como
forma de represália pelas íntimas relações mantidas com a ditadura
militar no passado recente, pela prática de ataques racistas contra o
Islã e o mundo árabe, ou ainda pelos ataques contumazes aos movimentos
sociais brasileiros e latino-americanos.
Manifestações
como essas de Caio Blinder e Diogo Mainardi ferem as normas mais
elementares da convivência civilizada. Esperamos que a Rede Globo se
retrate publicamente, para dizer o mínimo, tomando distância de mais
essa demonstração racista de barbárie.
Agradecemos a atenção.
*GilsonSampaio
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