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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Racismo na escola Anhembi Morumbi. “Colégio quer transformar vítima de racismo em ré”, alerta deputado



Membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) não se convenceram com a defesa apresentada por advogados e querem ouvir a diretora do Colégio Internacional Anhembi Morumbi, Dea de Oliveira. Ela é acusada de forçar a ex- estagiária Ester Elisa da Silva Cesário a alisar os cabelos para se adequar aos padrões da instituição.
O presidente da Comissão, Adriano Diogo (PT) acredita que houve uma tentativa de inverter o foco da investigação.
“Pelo andar da carruagem, pode ser que a menina de vítima vire ré. Quiseram caracterizá-la como uma louca, uma pessoa que não tem o que fazer na vida, que quer aparecer, que é midiática. A diretora [conselheira Mercedes Vieira] falou que era um problema de antagonismo pessoal, que era um problema de relacionamento. E a postura da delegada é de alguém que quer se livrar do problema.”
No dia 17 deste mês, a Comissão ouviu a delegada de Crimes Raciais, Margareth Barreto, representantes do colégio, além de Ester. Durante a audiência, a delegada informou que a diretora ainda prestou depoimento, embora oito pessoas já tenham sido ouvidas.
A Alesp tem a prerrogativa de abrir um inquérito próprio e conduzir as investigações, em paralelo à autoridade policial. Na sequência, a denúncia pode ser oferecida ao Ministério Público. O deputado afirma que encontra dificuldades de tramitar o caso dentro da própria Comissão.
“Eu não estou conseguindo chamar [à Assembleia] a Delegacia de Ensino para dizer – diante de uma violação tão grave – quais os procedimentos que a Secretaria de Educação está tomando, embora sejam flagrantes os depoimentos e as evidências.”
O Colégio Anhembi Morumbi foi alvo de dois protestos de organizações do movimento negro. No último, manifestantes ocuparam o Shopping Higienópolis, no centro da capital.
*Cappacete

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