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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 26, 2012

Juíza dos EUA mantém processo contra Maluf por desvio de US$ 11 milhões

 

Reuters
Um tribunal de Nova York rejeitou nesta quarta-feira um pedido do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) para arquivar um processo aberto em 2007 sobre um desvio de US$ 11,6 milhões na época em que foi prefeito de São Paulo. Maluf e seu filho Flávio, empresário e também réu no processo, solicitavam o cancelamento da denúncia de participação em um esquema de propinas no qual o dinheiro era enviado para uma conta bancária em Nova York e, então, transferido para paraísos fiscais.
Os dois acusados também solicitavam que a Justiça suspendesse os "alertas vermelhos" da Interpol, que podem levá-los à prisão caso deixem o Brasil. O promotor do caso lembrou que o Brasil jamais extradita seus cidadãos e que os réus nunca foram a Nova York responder às acusações.
Autoridades de Nova York dizem que a verba desviada está entre os US$ 140 milhões, quantia que teria passado por uma conta bancária de Manhattan ligada ao deputado. Na decisão, a juíza Marcy Friedman, da Suprema Corte de Justiça do Estado de Nova York, recusa o arquivamento da ação porque os réus não foram capazes de provar o que alegavam.
As acusações envolvem o superfaturamento de obras viárias no período de 1993 a 1996, quando Maluf foi prefeito de São Paulo. De acordo com os documentos judiciais, o dinheiro era enviado por intermédio do Safra National Bank, em Nova York, para contas controladas por Maluf em Bailiwick, na ilha de Jersey, no Canal da Mancha.
Parte desse dinheiro teria sido repatriada ao Brasil para gastos pessoais e financiamentos de campanhas eleitorais, enquanto outra quantia teria sido empregada na compra de relógios em Nova York, de acordo com a promotoria. O advogado Bryan Skarlatos, que representa o ex-prefeito e seu filho, disse que há um processo tramitando no Brasil sobre as mesmas acusações.
"Tenho certeza de que ele pretende recorrer (da decisão de Nova York)", disse Skarlatos. Maluf, seu filho e três outros réus são acusados de mais de uma dúzia de crimes no processo de Nova York. As acusações mais graves acarretam pena de até 25 anos de prisão. O político foi preso durante um curto período em 2005, em São Paulo, pela acusação de lavagem de dinheiro.

*esquerdopata

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