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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 28, 2012

A quem interessa provocar conflitos na América do Sul? 

 

 


Laerte Braga
A história real dos países latino-americanos, especialmente os sul-americanos, é contada em regime de conta gotas, uma forma de fugir do oficialismo e do ufanismo que historicamente as elites buscam vender desde os bancos escolares.
E há uma explicação simples para isso. As elites econômicas e militares da América do Sul não têm identidade nacional, mas reportam-se aos modelos e comandos europeus e norte-americanos; vale dizer, cingem-se às normas do capitalismo internacional.
É comum, por exemplo, contar os feitos heróicos de brasileiros na guerra contra o Paraguai e pintar Solano Lopez como um ditador sem entranhas. A realidade só é encontrada em publicações independentes que mostram que o País entrou em guerra com o Paraguai a soldo da Inglaterra – da qual estava afastada, mas o dinheiro fala mais alto – e porque o Paraguai de Solano Lopez, em vias de industrialização, afetava os negócios britânicos.
O governante paraguaio implementava um programa de reforma agrária, concorria com as indústrias têxteis e metalúrgicas dos britânicos e afetava os “negócios” do mate. Fomos apenas o instrumento do poder imperial da Grã Bretanha. Não houve patriotismo algum no confronto.
Para registro, os Estados Unidos, à época, já buscando hegemonia junto ao império britânico se opôs ao Brasil e a seus aliados. Os governos e forças armadas do Brasil, Argentina e Uruguai foram subornados pelos ingleses.
As Ilhas Malvinas, território argentino, até hoje são mantidas sob controle militar do falido império de sua majestade Elizabeth II e num flagrante desrespeito às leis internacionais, mantêm na região submarinos com armas nucleares, aí já noutra conjuntura, a que envolve os Estados Unidos, antiga colônia britânica e hoje proprietário do outrora império “onde o sol não se põe”,
Quando Nixon disse que o Brasil arrastaria a América Latina para onde se inclinasse, estava levando em conta o nível de desenvolvimento de nosso País, seu tamanho continental e justificando o apoio de seu governo à ditadura militar que encharcou de sangue o território nacional e preserva até hoje intocada em boa parte a barbárie militar.
À exceção do movimento tenentista, que mesmo assim se dissolveu em boa parte absorvido pela ditadura Vargas, nossas forças armadas são forças auxiliares do poder maior, sem identidade e uma polícia maior e melhor qualificada da grande potência de hoje. Estamos no Haiti sem saber por que, em vias de irmos à Síria para fazer não sei o quê e mantendo um fragata na frota de “paz” nas proximidades do estreito de Ormuz para garantir os interesses das companhias que transformaram os EUA em conglomerado terrorista ao lado de Israel. Máquina de guerra.
O governo de Lula não mais privatizou setores essenciais, mas abriu as portas do país ao nazi/sionismo com o tal tratado de livre comércio (TLC) com Israel. Através de “acordos militares” empresas israelenses adonaram-se dos setores estratégicos do Brasil.
Leia em:
Governos como o do presidente Chávez, ou do presidente Evo Morales, do presidente Rafael Corrêa, de Cristina Kirchner, de Daniel Ortega não interessam ao grande irmão. Promovem a reforma agrária, o fim do analfabetismo, estabelecem políticas públicas de participação popular, constroem habitações de qualidade para as pessoas, democratizam as relações do Estado com o cidadão, a despeito de uma ou outra limitação. Abrem caminhos para uma revolução popular a partir da consciência política.
Cuba desafia os EUA desde 1959 e se mantém heroicamente a despeito de todas as tentativas golpistas e do bloqueio imposto pelos pelo conglomerado ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
A Colômbia no entanto é o caso mais grave.
Em guerra civil há anos o país está mergulhado num regime de terror e barbárie e é hoje o maior produtor de cocaína do mundo – o governo não tem interesse na paz, a guerra favorece os grupos produtores da droga e o presidente, todos são meros quadrilheiros ao lado de militares e latifundiários, os chefes dos grandes cartéis.
No país são freqüentes os assassinatos de lideranças de oposição, sindicalistase camponeses. Há mais de 10 mil presos políticos e milhares de assessores militares norte-americanos, que controlam polícias, forças armadas e governo, além dos grupos paramilitares formados por latifundiários e pistoleiros de grandes conglomerados, os principais controladores da produção e distribuição de droga.
O próprio jornal brasileiro(?), O GLOBO, noticiou que o traficante Fernandinho Beira-Mar havia sido preso com as FARCs-EP , para anos depois num canto de página admitir que Beira-Mar foi entregue pelos paramilitares numa tentativa de minimizar os conflitos com o Brasil em torno do bandido.
A ex-senadora Ingrid Bettancourt, prisioneira de guerra durante anos das FARCs-EP, quando liberada, estava em perfeita integração com a guerrilha, tinha um filho com um líder guerrilheiro. Filho que abandonou – fato denunciado por sua secretária – e foi tentar o Prêmio Nobel da Paz patrocinada por uma indústria de cosméticos para mostrar que os anos na selva não a envelheceram.
É a história vendida pela mídia de mercado e fabricada na sociedade do espetáculo; o objetivo de transformar o ser humano em zumbi diante de um projeto de poder que é mundial.
Ao perceber que um controle como o que exercem na Colômbia – até porque o tráfico de drogas paga os custos da guerra e com sobras, já que a guerra hoje é privatizada, empresas cuidam do “negócio”, não seria possível no Brasil, os norte-americanos criaram o chamado PLANO GRANDE COLÔMBIA, que inclui parte do Brasil, a Amazônia, enquanto tentam, através de um governador provincial na Argentina, a instalação de uma base militar para controle total da América do Sul.
A piedosa prece que Obama faz todos os dias pela morte de Chávez é um pedido que a mídia dos EUA não esconde.
A Colômbia hoje é sócia do Brasil no antigo projeto SIVAM – monitoramento aéreo da Amazônia – ao lado dos EUA e aviões de fabricação brasileira, mas capital e tecnologia norte-americana (ao privatizar a EMBRAER FHC abriu mão de dispormos de tecnologia nossa no campo). Detêm informações estratégicas sobre nosso País, inclusive e principalmente sobre nossas reservas minerais estratégicas, caso do nióbio.
Marchamos para deixarmos de ser uma nação e caminhamos celeremente para o formato conglomerado da chamada nova ordem econômica, criada com o fim da União Soviética.
Lula inventou, frase do secretario geral do PCB Ivan Pinheiro, “o capitalismo a brasileira. Só que os donos são os norte-americanos e grupos sionistas (controlam a indústria bélica brasileira). Como leite em pó instantâneo estamos nos dissolvendo na obsessão da guerra cambial que custou o poder a Kadafi.
Um estudo das Nações Unidas feito na década de 70 mostra que a América do Sul é uma futura área de conflitos. Não são conflitos provocados pelos povos sul americanos, mas pelos interesses de elites políticas, econômicas do campo e da cidade que controlam o País sem que o governo reaja, pelo contrário, se deixa levar pela crença de potência de ilusão.
Estamos sendo engolidos, tragados nessa voracidade falida do capitalismo, mas montado em milhares de ogivas nucleares.
Um Eike Batista, um Daniel Dantas, um FHC, um Serra, um Alckmin, um Aécio (já apareceu uma prima de Cachoeira nomeada pelo ex-governador do bafômetro ou corruptômetro) e os políticos que controlam parte expressiva do Poder Judiciário, tudo isso nos transforma definitivamente numa república de bananas, onde um Brilhante Ustra tortura, assassina e permanece impune e a mídia faz e fala o que bem entende; mente, deturpa, golpeia, etc..
Um banqueiro de jogo de bicho faz tremer a república. Coloca na poder governadores corruptos como Sérgio Cabral e Marconi Perillo e ainda abre perspectiva para outro criminoso, Anthony Garotinho, que chega em nome do “senhor”.
Que república é esta?
Somos democracia consentida?
O Código Florestal recém aprovado pela bancada ruralista nos condena a ser um país com inúmeros futuros desertos e jogar a Reforma Agrária em suas areias. Depois desse “papelão” da “base aliada” na Câmara dos Deputados ficamos na dependência do VETO da Presidenta Dilma Rousseff...
Mas somos uma potência, por enquanto, de ilusão.
Não há saída dentro do processo político vigente, dentro do jogo sujo das eleições financiadas por empresas privadas, por bancos e latifundiários.
Ou vamos às ruas e viramos essa mesa para rearrumá-la segundo a vontade popular, que tem que ser despertada, está anestesiada pela mídia, ou vamos de fato virar apenas um departamento do PLANO GRANDE COLÔMBIA.
Esse é o desafio que as forças populares enfrentam.
Os conflitos aqui interessam aos donos para que sejamos sempre o gado marcado de que fala José Ramalho. Só isso, mais nada...


Enviado por Sílvio de Barros Pinheiro
*RedeCastorphoto

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