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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 27, 2012

ONU condena morte de jornalista no Brasil


ONU condena morte de jornalista no Brasil

O escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU condenou nesta sexta-feira o assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido no último dia 23 no Maranhão.
O organismo chamou de "tendência perturbante" o fato de mais um jornalista ter sido morto. Sá foi o quarto profissional de imprensa assassinado no país em menos de quatro meses.


"Nós condenamos esse assassinato e e estamos preocupados com o que parece ser uma tendência perturbante de mortes de jornalistas, que está prejudicando o exercício da livre expressão no Brasil", disse o porta-voz do escritório, Rupert Colville.
A ONU elogiou a disposição das autoridades brasileiras para investigar a morte de Sá e crimes semelhantes.
Contudo, a entidade solicitou que medidas de proteção sejam adotadas imediatamente para evitar novos crimes do gênero.
Para isso, a ONU apoiou a aprovação de uma lei proposta no Congresso em 2011 para fazer com que todas as mortes de jornalistas sejam investigadas pela Polícia Federal e não pelas polícias estaduais.

Investigação

A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão convocou nesta sexta-feira uma entrevista para comunicar que a investigação sobre a morte de Sá passa a ser feita agora sob sigilo.
O órgão afirmou que dois suspeitos detidos na quinta-feira tiveram prisão temporária decretada. O governo não explicou, porém, qual teria sido sua participação no crime e quais indícios pesam contra eles.
*MariadaPenhaNeles

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