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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 13, 2012

Campanha quer saber quem vai pagar os gastos da visita do papa


Papa estará no Rio em julho de 2013.
Que vai pagar as contas?
A Campanha Latinoamericana por Estados Laicos chega ao Brasil com, entre outras, a seguinte questão: quem vai pagar os gastos da visita em julho de 2013 do papa Bento 16?

A campanha é uma iniciativa da
Red Latinoamericana de Católicas por el Derecho a Decidir, da qual a brasileira Católicas pelo Direito de Decidir faz parte.

A proposta da campanha é discutir a importância da laicidade, principalmente nestes tempos  marcados pelo fanatismo religioso em vários países, incluindo o Brasil.


Entidades, grupos e pessoas que aderirem à campanha vão publicar textos e imagens nas redes sociais, blogs e imprensa.


Para os coordenadores da campanha, se o governo brasileiro, seja federal, estadual ou municipal, custear a visita do papa, mesmo de forma indireta — com renúncia ou isenção fiscal de empresas patrocinadoras, por exemplo —, será uma afronta à laicidade do Estado.


Paralelamente à vista de Bento 16 ocorrerá a Jornada Mundial da Juventude, que vai trazer para o Rio de Janeiro mais de 1 milhão de jovens católicos de todo o mundo, o que exigirá investimentos de infraestrutura para a ocasião.


Em dezembro de 2011, a Assembleia Legislativa do Rio aprovou a liberação de R$ 5 milhões para a organização e divulgação desse encontro e para a preparação do Aterro do Flamengo, onde haverá uma missa do papa. 

A Igreja Católica é que deveria arcar com esses gastos, e não os pagadores de impostos, que incluem os não católicos, evangélicos e os que não têm religião.

A Assembleia liberou a verba por intermédio de uma emenda orçamentária de Myrian Rios (PDT), deputada ligada ao movimento carismático. Essa verba poderá ser apenas a ponta de um iceberg de recursos públicos que serão destinados ao evento católico. 
Endereço do site da campanha por Estados Laicos é http://miud.in/1s9S.

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