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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 14, 2013

a direita surtou

A direita brasileira tá ficando paranoica?
Primeiro foi LOBÃO vir a público para nos alertar que o governo DILMA organiza um golpe comunista.
Hoje, o economista RODRIGO CONSTANTINO no Globo faz coro: “Lobão tem coragem de remar contra a maré vermelha, ao contrário da esquerda caviar, a turma ‘radical chic’ descrita por Tom Wolfe, que vive em coberturas caríssimas, enxerga-se como moralmente superior, e defende o que há de pior na humanidade. No tempo de Wolfe eram os criminosos racistas dos Panteras Negras os alvos de elogios; hoje são os invasores do MST, os corruptos do PT ou ditadores sanguinários comunistas.”
Está lá em http://oglobo.globo.com/opiniao/mais-lobao-menos-chico-buarque-8375227#ixzz2THMPM4VC
Se Wolfe souber que foi usado neste [con]texto…
Outros alertas pipocam pelas redes sociais.
Um grupo que se autodenomina OCC Alerta Brasil diz: “Terroristas importados de Cuba pela Sra. Dilma para consolidação do comunismo cubano no Brasil. A Venezuela é Aqui.. Brasil em perigo. Acorda Brasil.
Curta e Faça parte da OCC” [https://www.facebook.com/organizacaodecombateacorrupcao].

A OCC ALERTA BRASIL é um “Instituto de orientação da cidadania, da democracia, da promoção do desenvolvimento econômico e social e de outros valores universais”.
A missão: “Desenvolver projetos educacionais, e prevenir, fiscalizar, informar, divulgar e combater a corrupção na administração pública direta e indireta, em todos os níveis da federação, de forma pacífica e democrática.”
É uma nova direita que se organiza.
Os ânimos estão acirrados.
Muitos se lembrarão do instituto IBADE, que alertava contra a ameaça comunista em 1962-64, que alimentou o Golpe Militar.
Mas ao lembrar que Collor, Maluf, Sarney, Kassab, Afif e até Delfim Neto são da base governista da “terrorista” Dilma, que estradas, aeroportos e portos são privatizados, empresas estrangeiras investem no Brasil, e brasileiras compram estrangeiras, como a Heinz, fazem parcerias e lucram, os Poderes são independentes, a imprensa, livre, o cidadão vota, o agronegócio empurra a economia, a fronteira agrícola se expande, os investimentos imobiliários crescem, as montadoras nunca venderam tantos, e os bancos nunca lucraram tanto, só dá para tirar uma conclusão: a direita surtou.
Não é preciso muito esforço para lembrar de quem realmente é perigoso ao Brasil.


*MarceloRubensPaiva no OESP

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