Fernando Molica
No Ceará, médicos cometeram o acinte e a descortesia de vaiar colegas cubanos
Nos últimos dias, entidades médicas se envolveram como nunca na discussão relacionada à falta de médicos em áreas mais pobres. Estão indignadas não com o problema, mas com a solução encontrada pelo governo federal, que, depois de não conseguir médicos brasileiros em número suficiente, tratou de importar profissionais. Os conselhos de medicina rodaram o jaleco diante da concorrência, parecem os caras que largam a mulher mas não admitem vê-la com outro homem. No Ceará, médicos cometeram o acinte e a descortesia de vaiar colegas cubanos; quero ver se profissionais aqui do Rio vão fazer o mesmo com plantonistas do hospital estadual de Araruama, aqueles que, na reportagem do SBT, batiam ponto e iam embora.
As entidades alegam que o programa Mais Médicos dribla a lei ao não submeter os estrangeiros à prova que verifica a capacitação de quem se forma no exterior. O argumento é razoável, mas, como eventual paciente, reivindico que exame parecido seja aplicado aos que se diplomam no Brasil. Em 2012, o Conselho de Medicina de São Paulo reprovou 60% dos médicos — brasileiros — que queriam exercer a profissão no estado.
Nessa briga, falta ouvir os maiores interessados, os milhões de cidadãos que vivem sem qualquer tipo de assistência médica. Vale perguntar se eles querem um médico cubano — ou argentino, ou espanhol — ou preferem ficar sem assistência. Eles, os sem-médicos, são contribuintes que, com seus impostos, ajudam a manter as faculdades públicas de Medicina. São os patrões, têm que ser ouvidos e respeitados.
Por último: Micheline, cubanos não têm cara de empregados domésticos, se parecem com a maioria dos brasileiros, daí a sua comparação e o seu susto. Você, ao menosprezá-los, acabou, veja só, elogiando o sistema educacional do país deles.
*Mariadapenhaneles
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