Porque cuidar da vida é tão simples
Os médicos cubanos estão chegando para tratar do povo que os brasileiros se recusaram a tratar: alvíssaras!
Enfim, caiu a ficha: palmas para Ela, que saiu de uma defensiva até compreensível e optou com coragem e determinação pelos milhões de brasileirinhos que nunca viram um médico na vida, mas que, apesar dos chiliques da direita reacionária, também são filhos de Deus.
Nenhum dos 371.788 profissionais
formados nas 200 faculdades conectadas à lucrativa indústria da doença
vai ter como se sentir preterido. A todos indistintamente foi oferecida a
oportunidade de exercer a medicina como nos bons tempos, quando o médico tinha paciência para ouvir o paciente e uma boa conversa era meio caminho andado.
A todos os médicos do mundo, e não são só aos brasileirões, foi oferecida uma remuneração três ou quatro vezes superior às duas SUS e dessas clínicas particulares vinculadas a planos de saúde, alem de casa, comida e roupa lavada.
A todos os médicos do mundo, e não são só aos brasileirões, foi oferecida uma remuneração três ou quatro vezes superior às duas SUS e dessas clínicas particulares vinculadas a planos de saúde, alem de casa, comida e roupa lavada.
Formados para depender de parafernálias
Mas poucos formados aqui podiam aventurar-se no escuro, por que o máximo que aprenderam foi prescrever exames e entupir pacientes
(palavra sob medida) de remédios oferecidos por atuantes propagandistas
(o genérico ainda não entrou no seu receituário), generosos em brindes,
viagens e até remuneração pela prescrição dos medicamentos dos seus
laboratórios. Veja reportagem da revista SUPER INTERESSANTE.
Quem
sabe mesmo, nem plano de saúde aceita. Está ganhando muito bem no
atendimento a uma elite que pode pagar R$ 500,00 por uma consulta para
perder uns quilinhos, fazer plásticas à primeira ruga, e cuidar do
embelezamento em dermatologistas estéticos.
Durante
os últimos 100 dias, desde o primeiro encontro do chanceler brasileiro
com o cubano, a mídia, sob todas as formas, foi bombardeada por
personagens raivosos e lobistas insolentes, que tentaram de todos os
meios, com baixarias de toda natureza demonizar os médicos cubanos.
Houve até quem garantisse que na ilha de tantos avanços no campo da saúde, reconhecidos no mundo inteiro principalmente pela insuspeita ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, só formavam 100 médicos por ano: os outros eram perigosos agentes comunistas desses que, não sendo como os padres de Boston, se dedicavam a comer criancinhas.
Cruzada juntou a ganância com intolerância
Aliaram-se
nessa cruzada obscurantista conselhos de medicina que tiveram processos
eleitorais em julho, e precisavam atrair aqueles que pagam quase R$
600,00 compulsoriamente todos os anos para ter seus registros em dia; os
donos do complexo industrial e de serviços que precisam cada vez mais
do mercado de enfermos, paranoicos e aprendizes de hipocondríacos, e os
desesperados fascistas que não admitem como até hoje, decorridos 52
anos, a sua dourada potência militar imperialista não conseguiu derrubar
a revolução cubana, ou assassinar Fidel Castro, nem mesmo quando se
dedicou a uma guerra química na década de 70, despejando sobre a ilha o
vírus da dengue hemorrágica importado da Ásia.
É uma aliança suja e mal lavada.
Como já aconteceu em Tocantins e Roraima, não faz muito, esses médicos
com formação nada mercantilista vão mostrar com a simplicidade e a
responsabilidade de um missionário que não vão precisar da parafernália
de ressonâncias magnéticas para cuidar da saúde dos cidadãos.
Um pesadelo para a indústria das doenças
Basta
que se despojem das tentações pecuniárias e organizem uma relação
FAMILIAR com a vizinhança antes mesmo da ocorrência de enfermidades.
Nessas cidades para onde irão, de tão pobres, não se depararão
certamente com vítimas de motoristas aloprados e da violência urbana,
principais causas de mortes no país.
A elite
mercantilista mudou o tom do discurso e agora fala com a maior
leviandade das relações de trabalho, embora ainda ameace ir à polícia
contra o atendimento que os médicos brasileiros recusaram numa cruzada
seletiva de exclusão de quem vive longe da praia e dos shoppings. Essa
turma sabe muito bem como funcionam convênios entre nações, da autonomia
de cada uma, mas joga para a platéia e fala menos no revalida, por que soube de uma articulação para que faça o próprio dever de casa:
a exigir dos outros, os conselhos de Medicina deveriam fazer o mesmo
que a OAB, que obriga a "prova da ordem" para o bacharel advogar.
Se
entre os advogados o índice de reprovação chega a 89%, imagine entre os
recém-formados de Medicina de faculdades que mal garantem aulas
teóricas (agora, estão usando até aulas on line). Essa possibilidade fez murchar um pouco o discurso do revalida.
Sem "revalida" para pastores que curam
E
o que dizer das práticas de curandeirismo das igrejas evangélicas?
Todos os dias, em diversos horários, poderosas redes de televisão exibem
curas feitas por Deus, através de pastores que nunca passaram perto de
uma faculdade, em quem havia sido desenganado pelos médicos. Não seria o caso do CFM pedir um revalida para os pastores que fazem curas em massa com o simples uso de um lenço ou de uma água milagrosa?
Faça-se uma estatística e a água benta dos pastores está "curando" mais do que a os médicos com sua tecnologia de ponta. Daí o crescimento vertiginoso das igrejas evangélicas, especialmente na periferia, onde os doutores não querem nem chegar perto.
Da mesma forma, os milhares de médicos decentes (e os não médicos) não entendem a indiferença desses conselhos diante de clínicas ilegais de aborto,
de clínicas privadas de baixa qualidade, e desses atendimentos médicos
em "serviços sociais" de políticos clientelistas. Expor as mazelas da
rede pública, isso eles fazem diariamente. Mas as privadas parecem
gozarem de uma estranha imunidade, embora o exercício da medicina afete a
todos.
O desmascaramento da lenda dos fugitivos
Enquanto o Brasil já gastou U$ 2 bilhões com soldados
no Haiti, Cuba mandou um exército de 1200 médicos, o
que nenhum outro país do mundo fez, nem os EUA.
no Haiti, Cuba mandou um exército de 1200 médicos, o
que nenhum outro país do mundo fez, nem os EUA.
Por
outro lado, vai ser vexaminoso para os arautos da direita desta
sociedade fissurada em grana continuar repetindo surradas aleivosias,
como aquela de que o maior desejo de todo cubano é fugir para o mundo consumista.
Alegam para os incautos e idiotas que esses médicos são verdadeiros
escravos: só falta forjarem "fotos" de médicos cubanos acorrentados.
Esses "escravos" já salvaram vidas em mais de 100 países, de onde voltam
orgulhosos para a ilha rebelde.
Na verdade,
toda essa turma doentia está morrendo de medo do entrosamento dos
médicos cubanos com as populações pobres, como aconteceu em Mucajaí, a
60 km de Boa Vista, Roraima, onde o médico cubano Josué Jesus Matos
casou-se com uma brasileira, naturalizou-se e acabou eleito prefeito da
cidade pelo inexpressivo PSL, derrotando o candidato do PMDB, que
tentava a reeleição.
A menos que esses
defensores da medicina de mercado consigam tumultuar um programa que se
configura o pagamento de uma grande dívida com as populações pobres -
esse perrengue atinge também os moradores das grandes cidades que não
acham médicos nos postos quando precisam - vamos ver uma mudança real
nas condições de saúde dessas populações, onde hoje é comum crianças
morrerem até de diarreias.
Aí, com certeza, poderá vingar finalmente no Brasil o programa do médico de família, implantado como uma caricatura em muitas cidades, devido à mentalidade curativa de conveniência da medicina de mercado.
*GilsonSampaio
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