CASADA COM ALCKMIN, ABRIL AGRIDE CUBANOS E PADILHA
Em sua edição deste fim de semana, a revista Veja deixa claro que será
um dos principais adversários (talvez o maior) do ministro Alexandre
Padilha, em sua tentativa de se eleger governador de São Paulo; texto "O
que ele admira é a ditadura", sobre o programa Mais Médicos, agride o
bom senso e a inteligência do leitor; no entanto, Veja está engajada e
sabe que não pode deixar escapar a relação privilegiada que mantém com o
governador Geraldo Alckmin e com o Palácio dos Bandeirantes, onde o
secretário de comunicação, Marcio Aith, que comanda uma gigantesca
máquina de publicidade, é ex-editor da revista; editorial de Veja
insiste na tecla de cubanos são "escravos"
31 DE AGOSTO DE 2013
247 - O rabo preso da revista Veja, da Editora Abril, com o governo de
São Paulo, ficou evidente algumas semanas atrás, quando a publicação deu
sua versão sobre o caso Siemens, como se o escândalo não tivesse
qualquer relação com o PSDB paulista (para saber mais, leia "Tucaníssima, Veja rasga a fantasia no caso Siemens").
Mais do que uma ligação ideológica, ela é também financeira. Entra
governo, sai governo, são renovadas, em condições especiais, assinaturas
de revistas da Abril para professores e estudantes de escolas públicas
paulistas. Além disso, o secretário de comunicação de São Paulo, o
jornalista Marcio Aith, é ex-editor de Veja e pilota uma gigantesca
máquina de publicidade, onde as revistas da Abril têm lugar especial.
Em 2012, com a derrota de José Serra para Fernando Haddad, a Abril
perdeu um de seus pilares em São Paulo. Por isso, a hipótese de sofrer
nova derrota em 2014, desta vez para Alexandre Padilha, contra Geraldo
Alckmin, teria impacto devastador na editora dos Civita, na Marginal
Pinheiros. Diante do risco, Veja deixa claro, nesta semana, que será o
principal adversário de Padilha – talvez o maior – em sua luta para
tentar se eleger governador de São Paulo, em 2014.
O arsenal deste fim de semana veio ancorado num tripé: editorial de
Eurípedes Alcântara, uma vasta reportagem interna e uma chamada de capa.
Nos três casos, são ofensas à inteligência do leitor, mas, na Abril, há
a percepção de que esses ataques rasteiros funcionam – contra Haddad
não deu certo e, em relação a Padilha, só o tempo dirá.
A chamada de capa é a seguinte: "Cubanização - Deixar os médicos sob a
lei ditatorial de Havana é uma grave ameaça à soberania brasileira". O
editorial de Eurípedes Alcântara, por sua vez, trata os médicos cubanos
como servos. "Os petistas optaram por impor a eles a desonra de 'uma vez
escravo, sempre escravo'", diz o texto do jornalista que comanda a
publicação. Internamente, a reportagem assinada por Leonardo Coutinho e
Duda Teixeira traz uma foto de Padilha e o título "O que ele admira é
ditadura", afirmando ainda que o ministro da Saúde estaria a serviço de
Havana.
Nem vale a pena perder tempo com os argumentos de Veja. Nem na Abril
eles são levados a sério. Basta lembrar que, quando médicos cubanos
foram trazidos no governo FHC, eles foram apontados como uma grande
solução, quase um milagre (leia mais aqui).
O que a Abril não admite perder é seu assento especial no Palácio dos Bandeirantes.
Mas será que o leitor é incapaz de perceber a operação que está por trás disso?
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