Ogra do cerrado quer ser presidenta do Brasil
Via O Eco
Jonathan Watts* - 09/05/14
"Rainha da motosserra" brasileira ataca ambientalistas
Fora
da estufa política de Brasília, provavelmente, há poucos que conhecem o
nome do chefe do poderoso lobby agrícola do Brasil, no entanto, a
mulher em questão, Kátia Abreu, está rapidamente se tornando a política
brasileira mais interessante, importante - e perigosa.
A senadora e fazendeira do Tocantins foi uma força influente no enfraquecimento do Código Florestal
do Brasil, responsabilizado por muitos pelo recente aumento do
desmatamento da Amazônia. Seu apoio - no parlamento e em uma ácida
coluna de jornal - por mais estradas através da Amazônia, controle do
Congresso sobre demarcação de reservas indígenas, monoculturas mais
eficientes e "sementes exterminadoras" geneticamente modificadas lhe
rendeu a ira dos ambientalistas, que a chamavam de "senhorita
desmatamento", "rainha da motosserra" e "Face do mal".
Abreu,
no entanto, se mantém desafiadora, e diz que se prepara para um dia
disputar a presidência e quer ajudar o Brasil a superar os EUA como o
maior produtor de alimentos do mundo. "Concorrer à presidência não é um
plano, é destino. Estou me preparando para isso, caso esse seja o meu
destino", disse ela em uma entrevista concedida em seu escritório em
Brasília. "A crítica dos ambientalistas radicais é a melhor forma de
endosso. Isso me dá satisfação. Isso mostra que estou no caminho certo e
fazendo o papel certo".
Formada em psicologia,
Abreu assumiu a fazenda da família depois que seu marido morreu em 1987,
e se tornou a mais ferrenha defensora do agronegócio no Brasil. Ela
dirige a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e lidera seu lobby político, que reivindica ter ao seu lado mais de 250 senadores e membros do Congresso.
Seu
principal objetivo é aumentar a produção agrícola, a qual representa
23% da economia do Brasil, fração que continua crescendo. As safras de
soja e outros produtos aumentaram nos últimos anos, colocando o país -
de acordo com Abreu - a caminho de superar os EUA, mesmo sem novos
desmatamentos. "Nós temos todos os elementos essenciais: água em
abundância, tecnologia avançada e abundância de terra para a produção.
Com essa base, podemos nos tornar o número um sem derrubar árvores".
Sua
agressiva mensagem sobre os agronegócios é sustentada por um
nacionalismo do tipo abraçado à bandeira do país e que ataca qualquer
grupo acusado de tentar retardar o crescimento da agricultura
brasileira. Isto inclui os ambientalistas, grupos indígenas e camponeses
sem terra, os quais ela alega - sem provas – trabalham para interesses
estrangeiros. "Eu não tenho provas concretas disso, mas tenho uma forte
impressão de que este é o caso", disse ela.
A retórica e o estilo intransigente de Abreu lembram os de Margaret Thatcher. Quando menciono a comparação, a senadora se anima.
"Obrigado!
Margaret Thatcher foi uma das maiores mentes defensora das políticas
liberais. Ela construiu um conjunto de princípios que mudou o mundo. Só
lamento não ter tido a oportunidade de conhecê-la".
Como
Thatcher na década de 1980, Abreu está engajada em uma luta com
potencial de mudar o mundo. Enquanto a batalha da Primeira-Ministra
britânica contra os mineiros na década de 1980 marcou o início de um
período de divisão social e capitalismo descontrolado, o ataque de Abreu
ao movimento ambientalista tem enorme potencial de causar
desdobramentos para o clima global e a oferta de alimentos. Ela parece
estar ganhando. À medida que a economia brasileira tornou-se mais
dependente do agronegócio, a influência de seu lobby no parlamento
aumentou ao ponto em que ela pode ter um peso decisivo nas vitórias ou
derrotas da agenda do governo.
Abreu disse que
seu sucesso foi, em parte, resultado das melhorias de estilo de vida que
a indústria trouxe para o povo brasileiro. "Quarenta anos atrás, o
brasileiro médio gastava 50% de sua renda em alimentos. Agora, a
proporção é de cerca de 18%".
A situação era
muito diferente há uma década, quando a ex-ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, introduziu uma série de medidas que reduziram o
desmatamento, e prometeu mais território para grupos indígenas e
camponeses sem terra.
Abreu disse que agora a
mesa virou. "Por muitos anos, o ambientalismo chegou a um ponto extremo e
nós, no setor do agronegócio, fomos tratados como criminosos", disse,
mas agora "nosso setor do agronegócio pode influenciar a escolha dos
reis e rainhas no Brasil. No passado, só exercíamos influência
econômica. Agora temos também o poder político".
Apoio à Dilma
"Eu
só quero que ela esteja disposta a entender a nossa situação, para ter
uma ideia dos problemas que o setor agrícola enfrenta e ajudar a
resolver esses problemas, para que possamos continuar crescendo (...)"
Na
eleição presidencial em outubro, Abreu disse que apoiaria a atual
presidente, Dilma Rousseff, que ela descreveu como "mais interessada em
agricultura" do que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar
de estarem ostensivamente em lados opostos da divisão ideológica, Abreu
disse que trabalharia com Rousseff por um preço: "Eu só quero que ela
esteja disposta a entender a nossa situação, para ter uma ideia dos
problemas que o setor agrícola enfrenta e ajudar a resolver esses
problemas, para que possamos continuar crescendo e para que o Brasil
possa chegar ao número um na produção de alimentos".
É provável que isso signifique uma maior erosão dos direitos indígenas, leis ambientais mais fracas e menos restrições sobre sementes geneticamente modificadas -- todos objetivos pelos quais o lobby de Abreu luta no Congresso.
"Não
podemos descansar sobre os louros alcançados. Há muitas coisas freando o
progresso: a questão ambiental, a questão indígena e outras. Mas mesmo
assim continuamos obtendo altos índices de produtividade. Imagine o quão
alto eles poderiam chegar sem esses obstáculos", disse Abreu.
*Esse
artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da
qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no
site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier
Antalogia de Kátia senhora feudal Abreu
Kátia Abreu faz palestra em encontro de juízes patrocinado pela CNA
Kátia demofeudal Abreu é o suprassumo da estupidez e da ganância
Kátia 'demo feudal' Abreu é o mal
Katia demo feudal Abreu terá de pagar por terras tomadas na mão grande
*GilsonSampaio
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