Raquel Sheherazade e o discurso do ódio
O que Sheherazade pretende com esse discurso maluco, criminoso e mentecapto?
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Foram identificados, pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, os dois
primeiros suspeitos de terem torturado e amarrado um jovem nu a um poste
na Avenida Oswaldo Cruz, no Flamengo. Os dois, embora presumidos
inocentes, apresentam extensa folha de registros criminais. João Vitor é
acusado de estupro, lesão corporal, furto em um condomínio e ameaça.
Raphael responde por uso de drogas e por recusa ao serviço eleitoral.
Parafraseando a linguagem chula e apologeticamente criminosa de
Sheherazade, "estão mais sujos do que pau de galinheiro". Seriam,
portanto, segundo seu padrão aético e imoral de ver o mundo, "marginais"
que estariam prontos para serem "adotados". Ela deveria dar o primeiro
exemplo.
Testemunhas afirmam que o espancamento foi feito por 30 pessoas. Todos
seriam, conforme a linguagem apologética, criminosa e bandida de
Sheherazade, "cidadãos de bem", "desarmados" (coitadinhos indefesos!),
que estariam apenas cumprindo a lei e se defendendo na condição de
"legítimos representantes da sociedade civilizada". Não há que se falar
em excesso porque esse tipo de vingança e de violência dos "justiceiros
de classe média", como ela sublinhou, "é compreensível".
O que Sheherazade pretende com esse discurso maluco, criminoso e
mentecapto? Para além de ganhar Ibope, da forma mais irracional possível
(que falta lhe faz a leitura dos racionalistas do Iluminismo), o que
ela e tantos outros adeptos da bandidagem midiática ou social querem é a
nossa cumplicidade. Como explica Calligaris (Todos os reis estão nus),
"gritam o seu ódio na nossa frente para que, todos juntos, constituamos
um grande sujeito coletivo [imbecil] que eles representariam: nós, que
não matamos [nem roubamos, nem furtamos, nem estupramos, nem nos
drogamos], nós, que amamos e respeitamos as leis e as pessoas de bem,
nós que somos diferentes desses outros [desses negrinhos], nós temos que
linchar os culpados".
Esses agitadores e bandidos, tanto sociais como midiáticos, querem nos
levar de arrastão para a dança da violência identitária, tal como faziam
"os americanos da pequena classe média, no sul dos EUA, no século XIX,
que saíam para linchar os negros procurando uma só certeza: a de eles
mesmos não serem negros, ou seja, a certeza da diferença social"
(Calligaris, cit.). Sheherazade faz na TV a mesma inescrupulosa apologia
dos alemães que saíram pelas ruas para saquear os comércios dos
indefesos judeus na Noite dos Cristais. O que ela, os justiceiros da
classe média, os alemães saqueadores e os pequenos burgueses americanos
querem ou queriam? Afirmar a sua diferença. Eles representam uma coisa
que desgraçadamente está dentro de nós, que não é justiça, sim,
vingança. A necessidade tresloucada de nos diferenciar dos outros nos
leva mentecaptamente a massacrá-los, dando ensejo a uma violência
infinita. Barbárie ou civilização: eis o dilema do século XXI!
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