A Veja se preocupa com quem vai ser Presidente. Do Banco Central, não do Brasil
No melhor estilo daquele William Bonner do Maranhão, que perguntou ao candidato Flávio Dino se ele ia “implantar o comunismo” no Estado,a chamada de capa da Veja, esta manhã, adverte contra o perigo que “facções ideológicas mais perigosas” do PT trazem ao país porque…um site de campanha ligado ao partido publicou “um texto na noite de terça-feira com potencial de fazer tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor.”
O que teria feito o tal site – o Muda Mais, várias vezes citado aqui – para provocar tamanho terremoto? Defendeu uma ditadura? Sugeriu uma invasão soviética? Pregou a estatização dos nacos ou das multinacionais?
Não, apenas defendeu que valha o que está escrito na Constituição Brasileira e que vem sendo praticado há décadas, dentro da lei e da hierarquia dos poderes: que o Presidente da República, eleito pelo povo, tenha o poder de indicar quem vai dirigir o Banco Central!
Exatamente como indicaram todos os presidentes anteriores – o “querido” Fernando Henrique Cardoso, inclusive - e nunca fizeram, por isso, “tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor”.
Lula e Dilma, aliás, foram extremamente cuidadosos – muito além da conta, eu diria – nas suas indicações. Ele, com Henrique Meirelles, que dispensa apresentações, e ela com Alexandre Tombini, funcionário do Banco concursado e membro da diretoria de Meirelles por cinco anos.
Aliás, nenhum dos dois – ao contrário de FHC – demitiu nenhum presidente do BC.
Agora, se o Presidente da República não pode orientar, sugerir e apontar os grandes objetivos da política econômica, melhor elegermos um rei ou rainha da Inglaterra e entregarmos o comando do país ao mercado de capitais.
Como fez, aliás, Fernando Henrique quando o real foi por água abaixo após as eleições de 98 e ele pediu emprestado a George Soros o economista Armínio Fraga para “arrumar a casa” a juros cavalares de 45% ao mês.
É por isso que o “mercado” não se assusta com Marina. Como já garantiu sua Ministra-Chefe de Tudo, Maria Alice Itaú Setúbal, o BC terá autonomia.
Nada além da frase de Mayer Amschel Bauer, que mudou seu sobrenome para Rothschild:
“”Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis.”
Traduzindo: o que chamam de autonomia é um presidente do BC escolhido pelos bancos e que a eles prestará contas.
Viva a democracia!
PS. O artigo da Veja é sensacional. Termina lembrando – vejam a semelhança – as críticas do site ao presidente da CBF, José Maria Marin, aquela triste figura. Srá que querem uma figura semelhante para o Banco Central?
*entrefatos
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