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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 13, 2014

PARA QUEM O ÓDIO SEMPRE INTERESSA Cantor Roger xinga jornalista e debocha de perseguidos pela ditadura


Cantor Roger xinga jornalista e debocha de perseguidos pela ditadura

Vocalista do "Ultraje a Rigor" critica Marcelo Rubens Paiva, que teve o pai assassinado durante a ditadura: "Seu bosta". Cantor afirmou ainda que quem foi perseguido pelo regime militar é porque "fazia merda"

roger ultraje marcelo rubens paiva
Roger Moreira ataca Marcelo Rubens Paiva no twitter por comentário na Flip (Edição: Pragmatismo Político)
O vocalista Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, usou o Twitter para atacar o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, que há dez dias citou o líder do Ultraje durante uma participação na 12ª Flip (Feira Literária Internacional de Paraty), em Paraty (RJ).
Paiva, que participava de uma mesa sobre os 50 anos do golpe militar, lamentou o fato de muitas pessoas não saberem sobre a ditadura que comandou o Brasil por mais de duas décadas. O escritor citou Roger como exemplo, questionando que se até o roqueiro, que antes escrevia músicas a respeito do movimento das Diretas Já e críticas ao regime militar, hoje se converteu ao conservadorismo, o que esperar de muitos jovens que não têm acesso à informação sobre o tema?
“É compreensível que você considere o comunismo legal. Mas daí a me usar de exemplo na Flip foi canalha de sua parte. E errado”, escreveu Roger, em mensagem que foi posteriormente deletada no Twitter nesta terça-feira.
Irritado, o músico seguiu rebatendo as observações de Paiva e também publicou ofensas contra o jornalista. “E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda”, concluiu.

Desaparecimento de Rubens Paiva

O jornalista Marcelo Rubens Paiva é filho do engenheiro civil e político brasileiro Rubens Paiva, desaparecido na época da ditadura militar.
Em um dos mais importantes e verossímeis depoimentos já prestados por agentes da ditadura, o coronel reformado Paulo Malhães confessou ter desenterrado em 1973 a ossada do desaparecido político Rubens Paiva.
No testemunho, o veterano da repressão também afirmou que ele e seus parceiros cortavam os dedos das mãos, arrancavam a arcada dentária e extirpavam as vísceras de presos políticos mortos sob tortura antes de jogar os corpos em rio onde jamais viriam a ser encontrados.

Ostracismo

Roger Moreira e sua banda caíram no ostracismo musical e não conseguiram emplacar mais nenhum sucesso desde meados da década de 90. O cantor, que se refere a Dilma Rousseff como ‘terrorista’ e dedica a maior parte do seu tempo para alardear na internet sobre os perigos da ‘ascensão comunista no Brasil’, trabalha hoje com o apresentador Danilo Gentili, no SBT. Ambos são admiradores confessos de Olavo de Carvalho – uma espécie de guru da nova direita brasileira.
Vídeo de Marcelo Rubens Paiva na Flip:

*PragmatismoPolítico

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