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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 14, 2014

Unesco e relatores da ONU e OEA debatem liberdade de expressão no Brasil

Foto: Pedro Chavedar
No próximo dia 18, a partir das 19h, a Faculdade de Direito de São Paulorecebe o debate “Liberdade de Expressão – nas mídias, nas redes e nas ruas”. O evento é uma realização do coletivo Intervozes e da ONG ARTIGO 19.
Presentes ao debate estarão a Relatora Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA,Catalina Botero, e o ex-Relator Especial para Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão da ONU, Frank la Rue, além do assessor de comunicação e informação da Unesco para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela.
Diversas organizações da sociedade civil que atuam na área de liberdade de expressão também deverão comparecer.
Entre os temas a serem debatidos, estão as violações ocorridas em manifestações, os desafios para a democratização da radiodifusão, violência contra comunicadores, e o uso do processo por difamação para cercear a liberdade de expressão.
Segundo Bia Barbosa, coordenadora-executiva do Intervozes, o momento pelo qual o Brasil passa é bastante oportuno para a realização do debate.
“Num momento em que crescem as violações ao exercício da liberdade de expressão no país, com repressões a manifestantes e a perpetuação de um sistema midiático concentrado e excludente ao conjunto da população brasileira, poder debater a importância da garantia deste direito com os relatores especiais da ONU e OEA, e ainda com a representação daUnesco na região, será de extrema importância para as organizações e movimentos brasileiros”, afirma.
Bia também diz que espera que o encontro possa surtir efeitos positivos. “Esperamos que a atividade contribua para sensibilizar as autoridades públicas, que têm poder para alterar este quadro preocupante que enfrentamos hoje”, conclui.
Paula Martins, diretora-executiva da ARTIGO 19, diz esperar que o encontro sirva ainda para aproximar sociedade civil e as Relatorias. “Um dos objetivos do evento é o de esclarecer sobre como mecanismos internacionais como as Relatorias da ONU e da OEA também podem ser utilizados como recurso na defesa e promoção da liberdade de expressão”, conta.

Quando

Evento: “Liberdade de Expressão – nas mídias, nas redes e nas ruas”
Data: 18/08 (segunda-feira)
Horário: 19h
Local: Faculdade de Direito de São Paulo
Endereço: Largo São Francisco, 95, Centro, São Paulo

Sobre os palestrantes

Frank La Rue
Nascido na Guatemala, é advogado especialista em direitos humanos, formado pela Universidad de San Carlos de Guatemala. Atuou de 2008 a julho de 2014 como Relator Especial da ONU para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão. É fundador do Center for Legal Action for Human Rights (CALDH) e está envolvido na promoção dos direitos humanos há mais de 30 anos.
Guilherme Canela
Bacharel em Relações Internacionais pela  Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Ciências Políticas pela USP. Coordenou a área de Comunicação e Informação do Escritório da UNESCO no Brasil e atualmente atua como assessor de comunicação e informação do mesmo órgão. Foi membro titular do Grupo de Trabalho do Ministério da Justiça para subsidiar a regulamentação da classificação indicativa da programação de televisão e pesquisador associado do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB.
Catalina Botero Marino
Nascida na Colômbia, graduou-se em Direito pela Universidad de Los Andes, pós-graduada pela mesma universidade, como também pelaUniversidad Complutense, Universidad Carlos III, e pelo Centro de Estudos Constitucionais. Trabalhou na Corte Constitucional da Colômbia por 8 anos, tendo ocupado diversos cargos na área acadêmica e de defesa dos direitos humanos. Desde 2008, é Relatora Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Seu mandato a frente do cargo vai até outubro, quando será substituída pelo uruguaio Edison Lanza.
*advogadosativistas

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