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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 15, 2014


Um incêndio atingiu parte de um galpão que funcionava como depósito da Prefeitura de Cláudio, no centro-oeste de Minas.


Quando os bombeiros chegaram ao local, o fogo já havia sido apagado pelos próprios funcionários da prefeitura, com auxílio de um caminhão-pipa. Segundo o subtenente Rui César Ferraz de Bulhões, responsável pela ocorrência, a temperatura do incêndio não foi tão alta porque "a fiação elétrica do cômodo atingido não foi danificada, sendo que os fios permaneciam encapados". A Polícia Civil deve investigar as causas do incêndio.

A prefeitura entrou no centro da polêmica a respeito da construção de aeroporto do município porque, apesar de ser um primo do presidenciável Aécio Neves que tinha a chave para o portão do terminal, o município deveria ser responsável pelo controle do campo de aviação. Por falta de documentos, o aeroporto, concedido por meio de outorga ao governo de Minas, ainda não foi homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Aécio admitiu o "equívoco" de ter pousado "três ou quatro vezes" no aeroporto com um avião da família após ter deixado o governo. O aeroporto foi construído durante a gestão de Aécio no governo mineiro em uma fazenda que pertencia a um tio-avô do tucano, o ex-prefeito Múcio Guimarães Tolentino.

Foi no comando da prefeitura de Cláudio que Múcio Tolentino construiu a primeira pista de pouso, de terra batida, em sua própria fazenda. A obra foi realizada em 1983 com recursos do governo do Estado, então sob gestão de Tancredo Neves (PDMB), avô do atual senador e cunhado de Tolentino. O ex-prefeito está com bens bloqueados, assim como a fazenda que foi desapropriada no governo de Aécio, por causa de ação de improbidade administrativa que tramita contra Tolentino na Justiça.

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