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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 23, 2014

E AINDA TEM FDP QUE INSISTE QUE CAPITALISMO DEU CERTO, PRA QUEM???

EBOLA | Parece cena de ficção, mas não é. Na Libéria, soldados atiram contra uma população que está isolada numa favela em Monróvia, capital do país. A área é uma das atingidas pelo vírus ebola. O ataque dos soldados é para impedir que moradores saiam da área em que estão confinados.
A Libéria está localizada na África Ocidental. Sem acesso aos medicamentos, africanos morrem. O controle do vírus e a sobrevivência destas pessoas depende do interesse da indústria farmacêutica em distribuir medicamentos que foram testados com sucesso. Um médico norte-americano infectado foi submetido a tratamento experimental com sucesso e recebeu alta nesta quarta-feira. A droga é desenvolvida por uma grande empresa de biotecnologia, a Mapp Biopharmaceutical, que trabalha com o exército norte-americano. Por que, então, o mesmo tratamento não é oferecido aos africanos?
A resposta é tão simples quanto desumana: não interessa à indústria farmacêutica disponibilizar um medicamento para países pobres, que não terão recursos para pagar uma fortuna e em nada contribuirão com o lucro dessas empresas. A epidemia se alastra em países miseráveis, saqueados pelos países ricos. Enquanto isso, os doentes e a população ficam confinados e segregados nos chamados cordões sanitários, tendo a morte como destino certo.
(Foto: Daily Mail)
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