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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 06, 2014

Globo ataca Sindicato dos Jornalistas

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Todo ou quase todo sindicato tem oposição. Isso é normal. Eventualmente, uma diretoria sindical é flagrada em alguma prática administrativa ou ética questionável, e perde o mandato. Mas derrubar uma diretoria sindical por questões políticas, e com ajuda da Globo, isso me parece um atropelamento da democracia.

Sabemos que todo golpe busca se legitimar juridicamente. Castelo Branco, o primeiro ditador do regime militar pós-64 foi “eleito” indiretamente por um Congresso Nacional emasculado.

Golpe é uma figura de linguagem, portanto, que significa tomada de poder através da força.

É o que estão tentando fazer no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, presidido pela valente Paula Mairán.

A administração e a ética da diretoria são impecáveis e inatacáveis.

A atuação propriamente sindical também é exemplar. Foi o sindicato no Rio que, em menos tempo, mais conseguiu vitórias concretas em termos de ganhos salariais e direitos trabalhistas nas redações cariocas.

Após as grandes manifestações que ocorrem desde o ano passado, com muita frequência, no Rio de Janeiro, a entidade tem sido uma das vozes mais presentes na denúncia de agressão contra jornalistas, sobretudo por parte do poder público.

Além disso, a gestão atual abriu as portas para os movimentos sociais populares da cidade, num gesto democrático que se coaduna brilhantemente com o exercício do jornalismo.

Se a Globo e seus profissionais querem emplacar outra diretoria, que esperem a próxima eleição e trabalhem para vencê-la.

Abaixo, o texto do Barão de Itararé RJ, do qual eu faço parte, divulgado hoje, que faz uma defesa democrática do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro.

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Carta aberta à esquerda carioca

A luta pela democratização dos meios de comunicação, que constitui trilho irremovível de atuação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, não se resume apenas à implementação de determinadas políticas públicas. Nossa luta passa também pela construção e defesa cotidiana de entidades do setor que sejam solidamente democráticas, transparentes e populares.

Neste sentido, o Barão de Itararé faz um alerta ao conjunto das forças democráticas e populares do Rio de Janeiro. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, uma das poucas entidades que mantém uma postura sempre firme de diálogo e solidariedade com os movimentos sociais atuantes em nossa cidade, corre o risco iminente de sofrer um golpe.

Como é sabido, a ação vem sendo orquestrada de dentro das redações da mídia corporativa. Em 29 de julho surgiu o primeiro sinal: matéria com grande espaço no jornal O Globo abriu as portas para a mobilização de um abaixo-assinado pela destituição da atual diretoria do sindicato. O argumento central da acusação é o de que o sindicato estaria contra os interesses dos jornalistas ao dar espaço para os movimentos sociais em sua sede.

O Barão de Itararé posiciona-se ao lado da democracia e conclama o conjunto de movimentos sociais e organizações da sociedade civil a defenderem o Sindicato dos Jornalistas desse golpe comandado por patrões contra trabalhadores. Se estão insatisfeitos com a atuação da atual direção, o que é politicamente legítimo, então que disputem as eleições nas urnas. Golpe, não!

Barão de Itararé RJ,

Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2014.

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