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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 13, 2014

Proposta que legaliza maconha não será arquivada, diz Cristovam Buarque


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Apesar de não querer o título de “Senador da Maconha”, Cristovam já tem o respeito de todos os maconheiros e antiproibicionistas por não arredar o pé. Além disso, após a segunda audiência, já descarta a possibilidade de arquivamento da proposta de Sug nº 8/2014, que visa a regulamentação da maconha no Brasil. As informações são da Agência Senado.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) garantiu nesta segunda-feira (11) que não vai recomendar o arquivamento da sugestão popular de regulamentação do uso recreativo, medicinal e industrial da maconha (SUG 8/2014). A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aguarda parecer de Cristovam, relator da matéria, para decidir se a sugestão se tornará um projeto de lei.
Cristovam disse que ainda não sabe que tipo de conteúdo teria um eventual projeto de lei, mas foi categórico em afastar qualquer hipótese de paralisar a discussão. A apresentação do parecer deve ocorrer após a realização de mais audiências públicas.
- Há muitos caminhos. Tem o caminho, por exemplo, de deixar a decisão para um plebiscito. Espero ter uma proposta até o fim do ano. Pelo arquivamento não será – afirmou o senador, após presidir a segunda audiência sobre o tema.
A ideia de um projeto para regulamentar o uso recreativo, medicinal ou industrial da maconha foi apresentada pela sociedade por meio do Portal e-Cidadania. A proposta recebeu mais de 20 mil apoios e assim, segundo as normas do portal, foi enviada à CDH.
Na audiência desta segunda, debatedores expuseram opiniões divergentes sobre o tema. Para Cristovam, o ponto alto foi o momento em que o coronel Jorge da Silva disse que é preciso decidir se queremos “afastar a droga dos jovens ou os jovens das drogas”.
- Afastar a droga dos jovens é criar uma barreira proibindo que a droga chegue a eles. Afastar os jovens da droga é educá-los tanto que eles não procurem a droga – refletiu Cristovam.
*http://smkbd.com/proposta-que-legaliza-maconha-nao-sera-arquivada-diz-cristovam-buarque/

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