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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 03, 2015

Coréia do Norte inocente: papelão de Obama e do FBI.

 do Olhar o Mundo
Luiz Eça



Quando a Sony Pictures sofreu um ataque cibernético à sua rede, o FBI apressou-se a culpar a Coréia do Norte.
Falou que a acusação lastreava-se em análises técnicas rigorosas feitas pela agência.
Punir a Sony por um filme (The Interview) que ridicularizava o ditador norte-coreano seria um meio de “infligir significativos danos nos negócios dos EUA e suprimir o direito dos cidadãos americanos a se expressarem”.
A grande mídia, cheia de orgulho cívico, fez coro com o FBI.
Barack Obama rapidamente encampou a acusação.
E fez mais: ameaçou com retaliações, os EUA não poderiam permitir que um ditador estrangeiro impusesse sua vontade sobre o sagrado território de Tio Sam.
O presidente deveria ser mais comedido pois, alguns dias depois, categorizados experts em segurança na informática desmentiram ele e o seu FBI.
Relata o Politico magazine (30 de dezembro) que pesquisadores da empresa Norse, uma das líderes mundiais em inteligência cibernética, investigando os dados do ataque à Sony, concluíram que não partira da Coréia do Norte, mas sim de hackers e ex-técnicos da empresa.
Kurt Stammberger, vice-presidente sênior da Norse, ainda acrescentou: “Quando o FBI anunciou sua descoberta tão cedo após o ataque inicial, todos na comunidade de inteligência (cibernética) demonstramos ceticismo, porque é realmente muito difícil culpar alguém poucos dias depois do ataque.”
Para outros investigadores independentes, os autores foram seis, inclusive um ex-funcionário despedido, que possuía profundos conhecimentos sobre as redes atacadas.
Nenhum nome de peso na área cibernética até agora formou ao lado do FBI.
Já na sua primeira mensagem, os autores do ataque davam indícios de serem indivíduos com interesses pouco políticos: nem de leve mencionaram o filme, limitando0-se a, única e exclusivamente, exigir dinheiro.
Só depois da acusação do FBI ao regime de Piongiang é que eles, numa manobra diversionista, para afastar as investigações do seu rastro, resolveram clamar contra a exibição do “Interview”.
Claro, não há nada mais simpático do que difamar e/ou ridicularizar a Coréia do Norte, alvo preferencial da imprensa e dos governos do Ocidente.
Uma verdadeira Geni internacional.
Não deixa de ser bizarro que o presidente Obama embarque nessa onda.
Afinal, ele deveria lembrar-se das diabruras dos seus órgão de segurança flagradas em 2014.
A espionagem dos computadores e celulares de todo o mundo, pela NSA.
As torturas escondidas pela CIA durante anos, reveladas pelas investigações do próprio Senado americano.
O FBI seria diferente dessas agências irmãs?
Porque, então, confiar de olhos fechados nas acusações dos herdeiros de Edgard Hoover?
Há quem ache que foi por conveniência.
Marc Rogers, em The Daily Beast (30 de dezembro) escreve: “É uma desculpa perfeita para eles (o governo) empurrarem novas e fortes ciber-leis que consideram adequadas, na pressuposição de que um público indignado é bastante propenso a apoiá-las.”
E Justin Raymondo, em Antiwar (31 de dezembro) garante que os “Obamistas” usam este  “Pearl Harbor cibernético”para conseguir a adesão popular a uma legislação de segurança cibernética que daria ao governo mais poderes para regular a internet.
Talvez eles tenham razão. Talvez não.
O fato é que a Norse apresentou suas investigações ao FBI detalhadamente. Que ouviu, não contestou, não mostrou as próprias  investigações, agradeceu… mas continuou apontando um dedo acusador em direção a Piongiang.
Alterou um pouco suas conclusões.
Agora está admitindo que os norte-coreanos não fizeram o serviço sozinhos, não tinham  a necessária capacitação para fazer todo aquele estrago.
Provavelmente teriam contratado  hackers para ajudá-los.
Já Obama não admite que errou.
Não poderia, além de ficar mal, o presidente dos EUA é infalível.
O chato é que logo depois dele ter prometido retaliações, um ataque deixou toda Coréia do Norte sem internet durante nove horas.
Claro, os comunistas denunciaram a Casa Branca por essa ação ilegal.
Claro, Obama negou.
Acredite se quiser.
*GilsonSampaio

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