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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 15, 2015

Cunha desistiu do impeachment para salvar a pele

LULA MARQUES: <p>Brasília- DF 01-10-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidente da câmara, Eduardo Cunha.</p>
É uma questão matemática.
Eduardo Cunha fez as contas e concluiu que a pior coisa que pode acontecer para ele neste momento em que está a um passo de ser julgado no Conselho de Ética é abrir o processo de impeachment, seja qual for o rito.
Se abrir, a oposição promete apoiá-lo no Conselho de Ética. E o PT, destruí-lo.
Se não abrir, o PT promete apoiá-lo no Conselho de Ética. E a oposição, abandoná-lo.
Como o PT tem mais votos que a oposição e o PMDB tende a votar com o PT abrir o processo pode ser um péssimo negócio. É mais seguro estender a mão ao PT.
Cunha abre o processo, mas perde a cabeça.
Cunha não abre o processo e se salva.
Convenhamos, é uma escolha mais fácil que a de Sofia.
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