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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 22, 2015

Bandeira de Mello: Sem base legal, impeachment é espernear de coxinhas

Bandeira de Mello critica golpismo da mídia e da oposição: veja vídeo

TV Vermelho publica abaixo trechos da entrevista que realizou com o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, no início do mês. Nos vídeos, ele compara as gestões do PT com as do PSDB, avalia a atual conjuntura política, faz críticas à mídia e à classe média alta brasileira.  


Dilma, FHC e a mídia
No primeiro vídeo, Bandeira de Mello, considerado o maior especialista em Direito Administrativo do país, compara a atual crise econômica do país com a situação vivenciada no governo de Fernando Henrique Cardoso. O jurista lebra que, no passado, o país precisou recorrer duas vezes ao Fundo Monetário Internacional e diz que, hoje, não estamos tão mal quanto nos governos tucanos. O que mudou de lá para cá, defende, é que a mídia está em campanha para derrubar a presidenta Dilma Rousseff. “E o poder da mídia é muito grande, então fica essa sensação de que o Brasil está mal”, avaliou, classificando a mídia como “o maior inimigo do país”.


 

"Impeachment seria catástrofe"
Na entrevista à TV Vermelho, Bandeira de Mello defende que não há nenhuma base jurídica para tirar a presidenta Dilma Rousseff do poder. Segundo ele, tudo não passa de uma tentativa da opsição de “ganhar no tapetão”, “um espernear dos coxinhas”. Nesse sentido, um impeachemnt seria “uma catástrofe”, um atentado ao Estado Democrático de Direito, avalia, desconstruindo os argumentos daqueles que defendem a saída da presidenta.




Operação Lava Jato e Sérgio Moro


No vídeo, Celso Antônio Bandeira de Mello avalia que a Operação Lava Jato está sendo conduzida com violações aos princípios fundamentais do Estado de Direito. “Você vai e mete uma pessoa na cadeia e vai mantendo ela indefinidamente, em condições odiosas. É uma verdadeira tortura, até você falar. Que raio de delação é essa? Que valor tem isso?”, questiona. O jurista afirma que o juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações, tem cometido violações aos direitos humanos, e prevê que ele pode até ser punido pelo Conselho Nacional de Justiça por isso.




O ódio da classe média
Neste trecho da entrevista, Bandeira de Mello faz uma dura crítica à classe média alta brasileira, que, segundo ele, tem raiva daqueles que ascenderam durante a gestão do ex-presidente Lula. Para ele, são essas pessoas que querem agora afastar a presidenta do cargo. “Estão com tanto medo do Lula, que já querem inviabilizar que ele seja candidato. Eu reconheço, para eles é uma desgraça. Você ver gente simples, do povão, desfrutando das coisas que você desfruta? Para essa gente, dói”, alfineta.




Constituição e financiamento empresarial de campanha
De acordo com o jurista, que também é professor da PUC-SP, a Constituição brasileira já é “excelente” e não precisa de reforma. Precisaria apenas ser aplicada, além de ter regulamentadas algumas questões, como a das comunicações. O jurista citou, no entanto, como exemplo de algo danoso previsto na legislação até então o financiamento empresarial de campanha, que recentemente foi proibido pelo STF.
 

Da TV Vermelho
*ClaudiaMAriaBerto

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