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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 02, 2015

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247 – E agora? O que dirão os aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois da revelação de que a Suíça bloqueou suas contas secretas e de seus familiares por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro?
O maior constrangimento será do PSDB, que, a despeito do discurso moralista, tem silenciado sobre a conduta de Cunha. O motivo é simples. Tanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como o líder da bancada, Carlos Sampaio (PMDB-SP), apostaram na aliança com Cunha para tentar provocar um golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff. Agora, ambos terão de dizer se ainda mantêm a aliança com um político investigado por corrupção e lavagem.
A saia justa também se estende a outros aliados, novos e antigos. No PMDB, o vice Michel Temer, que seria beneficiário de um eventual impeachment, ainda não se manifestou sobre as suspeitas que pesam sobre Cunha. Da mesma forma, a neopeemedebista Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB em nome da ética, se mantém em obsequioso silêncio.
As alianças de Cunha, no entanto, extrapolam o mundo político e o parlamento. Desde que se tornou presidente da Câmara, ele fez questão de prestar homenagens à Globo e ainda anunciou publicamente o fim de qualquer iniciativa pela democratização da mídia. Coincidência ou não, a Globo vem sendo acusada de poupá-lo em seu noticiário televisivo e parece mais preocupada com o "lobby" de Lula em defesa de empresas nacionais do que com as contas secretas do presidente da Câmara na Suíça.
Durante os recentes protestos contra a presidente Dilma Rousseff, algumas faixas chamavam a atenção. Diziam "somos todos Cunhas", como se a defesa do parlamentar fosse um mal necessário que visasse garantir um "bem maior": a derrubada de Dilma.
Ocorre que, com contas bloqueadas na Suíça, Cunha poderá se tornar um aliado pesado demais até mesmo para seus mais cínicos aliados.
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