Porque Dilma Demorou Tanto Pra Chamar Golpistas de Golpistas
Golpistas e vagabundos.
Paulo Nogueira, via DCM em14/10/2015
Queria entender o seguinte: por que Dilma demorou tanto tempo para chamar os golpistas de golpistas?
Um dos preços que um golpista tem de pagar pelo seu assalto à democracia é ser chamado de golpista, e assim entrar para a história em suprema abjeção.
Carlos Lacerda, o maior golpista que o Brasil já conheceu, se atormentou até o final de sua vida com o fato de ser classificado como golpista.
Em Depoimento, um excelente livro feito de conversas de Lacerda com jornalistas do Estadão pouco tempo antes de sua morte, ele tentou várias vezes, em vão, limpar sua imagem de golpista.
Em vão.
Aécio tem também de pagar o preço de sua conduta abjeta, e não só ele. FHC é outro. São ambos golpistas. Nem mais nem menos que golpistas. Fazem exatamente o que Lacerda fez, e esperamos que com menos sucesso que seu inspirador.
Lacerda era mestre em acusar os outros de coisas que ele fazia.
Num caso clássico, ele investiu contra Samuel Wainer por ter recebido um financiamento do Banco do Brasil para sua Última Hora. Mas ele próprio também recebera dinheiro do BB para sua Tribuna da Imprensa.
Que diferença entre isto e o que fazem Aécio e FHC? Nenhuma.
Em sua campanha, Aécio se encheu de recursos originários das mesmas fontes que abasteceram a campanha de Dilma. Mas seu dinheiro é limpo e o dela não. Os doadores, no Planeta Aécio, lhe doaram centenas de milhões sem querer nada em troca, quase por amor.
Faz um ano já que Aécio, apoiado por FHC, inferniza a democracia brasileira com seu golpismo histérico e sujo.
Nem a direita venezuelana, uma das piores do universo, ficou tanto tempo contestando a vitória de Maduro.
Lacerda foi um golpista vitorioso. Matou Getulio, por cuja alma disse ter rezado logo depois do suicídio, e derrubou Jango. Enlouqueceu, no meio do caminho, Jânio, por cuja renúncia foi um dos responsáveis.
Era um gênio. Gênio do mal. Mas gênio.
Nem isso Aécio é.
De Lacerda, ele herdou apenas a vocação para servir à plutocracia, e dela se servir também. Não tem sequer a capacidade voraz de trabalho de Lacerda. Aécio é um preguiçoso, muito mais feliz em festas que na labuta.
Por tudo isso é um golpista destinado ao fracasso.
A única coisa pior do que ser um golpista é ser um golpista derrotado. É o caso de Aécio, e é também o de seu patrono, FHC.
Dilma demorou uma eternidade para chamá-los pelo que eles são. Não sei por quê.
Mas, ainda que com atraso, as palavras de Dilma ajudarão a construir a biografia de Aécio e FHC.
São, como Lacerda, golpistas. A única diferença é que haverão de ser golpistas frustrados.
* por René Amaral
*
Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
Nenhum comentário:
Postar um comentário