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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 16, 2015



Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Por Luiz Carlos Azenha, no blogViomundo:

Em seu mais agressivo discurso contra a oposição até agora, a presidenta Dilma Rousseff disse, diante do décimo segundo Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Anhembi, em São Paulo, que o que antes era apenas “inconformismo eleitoral” da oposição, diante da derrota de 2014, se transformou agora em “golpismo escancarado”.

“Eu sou presidenta porque fui eleita pelo povo em eleições lícitas. Eu sou presidenta para defender a Constituição e a democracia tão duramente conquistada por todos nós”, afirmou a certa altura.

Na audiência, além de sindicalistas, estavam os ex-presidentes Lula e Pepe Mujica, do Uruguai.

A presidenta disse que a hora é de unidade e convocou os presentes a lutar pela democracia.

Acusou a oposição de jogar “sem nenhum pudor” no quanto pior, melhor; “pior para a população, melhor para eles”.

Dilma disse que, através das redes sociais e da mídia, os golpistas “espalham o ódio e a intolerância”.

A essa altura, foi interrompida pelo público, que gritou “Fora Rede Globo, o povo não é bobo”.

Ela afirmou que a oposição quer “encurtar seu caminho ao poder” usando fórmulas artificiais.

“A vontade de produzir um golpe é explícita”, denunciou.

Segundo Dilma, a tentativa de golpe não é contra ela, mas contra o projeto de inclusão social do PT, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e os aumentos do salário mínimo.

“A sociedade brasileira conhece os chamados moralistas sem moral”, disse, alegando que parte disso se deve às políticas dos governos Lula e Dilma de fortalecer os órgãos de combate à corrupção.

Perguntou: “Eu me insurjo contra o golpismo e suas ações conspiratórias. Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa para atacar minha honra? Quem?”

A presidenta não fez menção explícita ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que acordou com a oposição um rito que facilitaria o impeachment de Dilma. Cunha é acusado de ter abastecido contas secretas na Suiça com dinheiro de corrupção no esquema investigado pela Operação Lava Jato.

Dilma lembrou que não há acusação formal contra ela e que as chamadas “pedaladas fiscais” foram atos administrativos utilizados por todos os governos que a antecederam.

Ao encerrar, citou Pepe Mujica: “Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas, temos de defendê-la para melhorá-la, não sepultá-la”.

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Altamiro Borges: Dilma detona os falsos moralistas


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