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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 23, 2015

STF autoriza sequestro de dinheiro de Cunha depositado na Suíça










Do Jota:

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou o bloqueio e o sequestro do dinheiro depositado nas contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na Suíça.
A decisão de Teori Zavascki foi tomada na Ação Cautelar 4.007: “Em 21.10.2015: …defiro o pedido nos termos como formulado, devendo a efetivação da medida cautelar observar o disposto no Tratado de Cooperação Jurídica firmado com a Confederação Suíça, ficando o Procurador Geral da República autorizado a promover as diligências correspondentes junto à Autoridade Central brasileira. Intime-se o Ministério Público.”
Na decisão, o ministro do STF afirmou que o MP “demonstrou quais seriam os valores de origem ilícita sobre os quais recairia a medida, além de fazer uma minuciosa análise sobre a sua suposta origem”.
“Portanto, tem-se como justificada a necessidade da medida requerida, pois efetivamente demonstrada a existência de indícios suficientes de que os valores eram provenientes de atividades criminosas diante da farta documentação apresentada pelo Ministério Público, assim como há o evidente risco de desbloqueio dos valores com a consequente dissipação dos valores, uma vez que houve a formal transferência das investigações pelas autoridade suíças”, argumentou Teori Zavascki.
O dinheiro será agora transferido para uma conta no Brasil com base no Tratado de Cooperação firmado com a Suíça e internalizado pelo decreto 6.974/2009. De acordo com as investigações, foram depositados aproximadamente 2,4 milhões de francos suíços nas contas de Cunha na Suíça.
*DCM

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