Velório da Direita
Antecipando (Pois sempre existe aquele indivíduo que jamais tocou em um livro de História e irá mugir algo como: "-Ah, mas eles não eram militares."):
"Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Pedro Henrique Pedreira Campos esclareceu: “A gente tenta ler a corrupção como exceção. Mas o que eu noto, considerando a história do capitalismo, é que a apropriação do público pelo privado é mais uma regra. As empreiteiras calculam a corrupção para obter lucro. Assim, se eu tenho que lucrar com uma obra, vou usar todos os métodos disponíveis”. Empreiteiras e corrupção é um casamento natural. A benção foi dada pelo ditador Artur da Costa e Silva, que, com o decreto 64.345, de 10 de abril de 1969, fechou as portas para empresas estrangeiras em obras de infraestrutura no Brasil. Pequenas empresas regionais como a Odebrecht agigantaram-se em pouco tempo.
Segundo Campos, o quadro do regime militar teve a moldura perfeita para as empreiteiras: “Durante a ditadura, elas tiveram acesso direto ao Estado, sem mediações, sem eleições. Havia um cenário ideal para o seu desenvolvimento: a ampla reforma econômica aumentou recursos públicos disponíveis para investimentos e mecanismos legais restringiram gastos para a saúde e educação e direcionaram essas verbas para obras públicas, apropriadas pelas empreiteiras – grandes projetos, tocados sob a justificativa do desenvolvimento nacional, como a Transamazônica, a usina de Itaipu e a ponte Rio-Niterói”.
Extraordinárias fortunas cresceram felizes.
Militares ganharam cargos estratégicos em corporações nacionais e estrangeiras que faziam bons negócios com o Estado. Campos apresenta um quadro com 21 nomes e funções. Golbery do Couto e Silva presidiu a Dow Chemical. Também trabalhou para o Banco Cidade. O general João Baptista Leopoldo Figueiredo esteve no conselho consultivo da Caterpillar. O general Ernesto Geisel presidiu o conselho administrativo da Norquisa. O general Artur Moura esteve a serviço da Mendes Júnior, empreiteira que saiu do nada para tudo durante o regime dos generais. O almirante Fernando Carlos de Mattos foi vice-presidente da Settal Engenharia. O coronel Domingos Ventura Pinto Jr. esteve na folha de pagamento da Construtora Rabello. O filho de Costa e Silva serviu à General Eletric. O general Carlos Luiz Guedes, golpista de primeira hora, presidiu a Catemarq.
Juracy Magalhães presidiu a Ericsson do Brasil. Campos resume: a Odebrecht faturou “dois contratos que alteraram significativamente o seu porte, fazendo seu faturamento triplicar em um ano”.
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