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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 05, 2015

TENHO QUE DIALOGAR COM A PARTE SÃ DA CIDADE, COM A PARTE CONSTRUTIVA'

PREFEITO HADDAD: 'EU TENHO QUE DIALOGAR COM A PARTE SÃ DA CIDADE, COM A PARTE CONSTRUTIVA'




Numa entrevista ao El Pais, Brasil, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad fala de sua gestão, suas expectativas em relação às próximas eleições, Marta, e sobre as repetidas críticas que recebe de parte dos paulistas e paulistanos.
"Eu tenho que dialogar com a parte sã da cidade, com a parte construtiva".

Num trecho, ele comenta sobre os críticos que não aceitam diálogo:
P. Mas essa realidade afeta mais o PT. Nunca vivemos um cenário tão polarizado. Há pessoas que veem o projeto na Cracolândia e dizem que você negocia com traficante. Se caiu o trânsito, dizem que é por causa da crise...

HADDAD. Mas aí é mentira, né? Você está perguntando para mim como eu lido com a mentira? Faço uma política de redução de danos que é um exemplo internacional e uma pessoa vem com uma crítica dessas? Essa pessoa não está fazendo política, está rastejando. A única cidade que diminuiu a lentidão no Brasil foi São Paulo. A crise só existe em São Paulo? Essa crítica rasteira está em voga hoje. Mas eu não posso lidar com esse tipo de sentimento, com esse grau de destrutividade. Essa pessoa não está querendo construir um país e uma cidade decentes. Essa pessoa está num nível de distúrbio que eu tenho que respeitar, mas recomendar tratamento.

P. Mas essas críticas existem...

HADDAD. Eu tenho que dialogar com a parte sã da cidade, com a parte construtiva. Se eu for entrar nisso, não tenho condições de governar São Paulo. Críticas são benéficas, mas eu não levo isso que você citou como crítica. Levo isso como parte de um problema mais psicológico do que político. Eu acredito na força da argumentação. Quando eu defender esses programas, eles vão se consolidar. E esse ruído que é patrocinado e criado pela oposição, vai perder força. A oposição em São Paulo está jogando no obscurantismo. A ponto de chamar um ciclista de comunista. Quando se chega nesse nível... Eu sou uma pessoa que acredita no Iluminismo, nas forças civilizatórias. A minha gestão, sobretudo fora de São Paulo, é reconhecida como uma força civilizatória. Eu sou um agente da civilização contra a barbárie. [Fonte: El Pais]

 Perfeito.
*blogdomello

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