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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 29, 2010

Mercadante Já para acabar com os homens de palha






Mercadante janta com Lula para traçar ofensiva da campanha em SP

Aloizio Mercadante (PT), candidato a governador de São Paulo, janta, neste domingo, no apartamento do presidente Lula, em São Bernardo do Campo.

Animados pelo crescimento das intenções de voto nas pesquisas Ibope e Datafolha, os dois devem conversar sobre a estratégia para o último mês de campanha antes do primeiro turno das eleições, em 3 de outubro.

"O presidente me convidou e vamos conversar sobre as eleições", disse o candidato.

Na terça-feira, Lula tem um evento como presidente da República na comunidade de Paraisópolis, mas não haverá condições para um evento de campanha, no final do dia.

"Na terça-feira estarei no Senado, em Brasília, onde haverá um esforço concentrado. A gente tem reunião de líderes às 15h para fechar a pauta e eu tenho de participar do colégio de líderes", disse. "Mas já temos uma programação para São Paulo que será divulgada em breve".

Neste domingo (29), Mercadante participou de uma caminhada, ao lado do candidato ao Senado, Netinho de Paula (PCdoB), na cidade de Embu, na Grande São Paulo. No local, ele conversou com moradores - sobre temas como segurança, habitação e educação e visitou a feira de artesanato local. (Com informações do Portal Terra).

*amigosdopresidenteLula


São Paulo, o PSDB e os seus homens-de-palha


Mercadante, Netinho e Marta, surfam na crista da Onda Dilma

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São Paulo, o PSDB e os seus homens-de-palha

Pedro Ayres

A atual crise do capitalismo neoliberal globalizado tem contribuído para iluminar um crescente número de escândalos de corrupção nas mais diversas partes do planeta, a tal ponto que é difícil que alguém ainda sustente que se trata de um fenômeno conjuntural ou limitado a uma região determinada. Pelo contrário, a corrupção é intrínseca ao sistema e tem proliferado ao calor da "globalização feliz", do "capitalismo popular", da "economia criminosa" (narcotráfico, comércio de armas e um longo etcétera) e das sucessivas bolhas especulativas que vêm explodindo desde 2005.

Dentre as mais graves corrupções que aconteceram no mundo, houve uma que pode ser considerada como a corrupção-mor, que foi a quase destruição de Estados e povos, pela política desnacionalizadora e destruidora de direitos sociais, como aconteceu, por exemplo, na Argentina de Menem. Só não foram ainda consideradas como crimes lesa-pátria, porque isso significaria questionar a essência da economoa política do império e a moralidade de seus cúmplice nacionais. Dai que até hoje há quem digam que tais atos foram atos administrativos normais e constitucionais, embora a legitimidade ética inexista em todos os seus aspectos.

Um dos mais insidiosos meios que o sistema capitalista usa para evitar que a sua nudez seja denunciada, é o consumismo. Uma prática que se transforma em substrato individual, quase que uma aspiração espiritual, onde Ter é mais importante que Ser. Assim, ao se processarem essas alterações no comportamento do homem comum, também houve a necessidade de um especial tipo de homem público ou político - o homem de palha. Ou seja, um indivíduo que guarda semelhanças aos homens ocos, empalhados do poema do poeta americano T. S. Eliot, The Hollow Men.

Um homem de palha, no sentido descrito por Eliot é o candidato ideal para a manutenção do sistema pois, como não tem nenhuma capacidade crítica além dos limites do transitório tempo presente, é dócil a quem o comanda - o poder econômico - e muito hostil a quem lhe adversa. Entretanto, como em todo o processo, houve um período em que faziam experiências e até ousavam tentativas para a reprodução de famosos homens-de-palha da História, como Mussolini, Hitler, Pinochet e outros menos votados ditadores latino-americanos. Foi assim que surgiram políticos da linhagem de um Uribe, de um Fujimori , de um Menem .

Aqui no Brasil, esse procedimento obedeceu a um esquema menos ortodoxo, pois, quando o sistema sentiu que a estrutura ditatorial que tinham criado em 1964 estava a se tornar contraproducente, tomando o exemplo da farsa espanhola do "Pacto de Moncloa", em que todos fizeram um acordo, com exceção dos diversos povos que conformam a Espanha, também aqui no Brasil se forjou um "pacto" que iria ser consolidado por uma Assembléia Nacional Constituinte mista, que funcionou entre 1987/88. E a partir daí, surgiram nomes para dar continuidade ao que na época consideravam perene e imutável.

Como São Paulo era um Estado chave, não porque tivesse o maior parque industrial do país e uma agricultura já adaptada aos novos reclamos capitalistas, mas, principalmente, por deter a maior massa operária e trabalhadora sindicalizada do país, a luta pela conquista das mentes e corações dessa massa foi travada em dois claros movimentos táticos.

O primeiro deles, através da cooptação de amplos segmentos acadêmicos, dando sequência ao que o império já fazia desde os idos de 1960, gerava "formuladores" teóricos do que já fora elaborado por Friedrich von Hayek e Milton Friedman, ora no campo da economia, ora no campo das ciências sociais, criava as justificativas para esse novo tipo de Pasárgada ou de Terra da Promissão, em que todos seriam ricos, belos e felizes, bastando ter a coragem e a audácia sufientes para a todos derrotar nesta "selva" que é a vida.

O segundo, mais objetivo e concreto em termos políticos, porém talvez mais difícil e complicado, que era dar factibilidade à teoria, foi a conquista de quadros para viabilizar o projeto. Um projeto que precisava ter uma roupagem com cheiro e cara de novidade, quase que na mesma linha traçada pela alegoria carnavalesca da "terceira via" do Labour Party de Tony Blair, um falso êmulo da Dama de Ferro.

Como resultante desses dois movimentos táticos surgiu o PSDB e o ilusionismo da social-democracia brasileira, com abre-alas e tudo, com os ofuscantes adereços moralistas para disfarçar a sua já desmedida ambição pelo poder.

Embora muitos teóricos acadêmicos discordem, o fenômeno Collor fez parte desse processo de aggiornamento do imperialismo e de fortalecimento das principais linhas teóricas e práticas do PSDB. Foi um incrível período político, quando num curto espaço de tempo, fez-se o aprofundamento das teses reducionistas do Estado e da desnecessidade de existir um patrimônio público produtivo ou capaz de gerar renda. Paralelo a isso, como não poderia deixar de ser, ao sentirem que o eixo político poderia provocar modificações no eixo econômico-financeiro do país, coube aos políticos paulistas, numa exacerbação moralista quase ao estilo Jânio Quadros, decidir pela palavra de ordem - Delenda est Collor.

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Havia uma característica bem singular em todos esses novos Catões, tudo era motivo de crítica e condenação, excepto a pregação contra o Estado Brasileiro e seu patrimônio, quando, a bem da verdade, alí é que estavam as bases da imensa corrupção, pois, significava a eliminação de qualquer destino soberano para o país e seu povo. E aí, como diz Chico Buarque, no seu Vai Passar, veio uma das páginas mais infelizes de nossa história: "dormia a nossa Pátria Mãe tão disatraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações." Pululavam as doutas explicações e até se forjavam "teorias" justificadoras da recém-extinta ditadura e da importância da rápida e pronta configuração desse novo pacto das classes dominantes brasileiras e o império. É quando o PSDB, já dentro das sinalizações do Consenso de Washington, passa a operar em dois campos: um, do conchavo político, que ficou a cargo de FHC, ungido como mentor intectual da inteligentsia nacional e o outro, de ação política junto às massas coube a Mario Covas, que personificava um símbolo liberal e democrata. Tudo para facilitar a vida dos interesses das empresas transnacionais financeiras, energéticas, de comunicações e de exploração mineral.

O poder político neoliberal-tucano paulista vai se tornar quase inamovível, pois, unia o imenso poder econômico e propagandístico do sistema aos dotes de Mario Covas, uma liderança nos moldes dos líderes do Partido Democrata dos Estados Unidos: simulação de competência e excelente marketing. Entretanto, como sempre há a necessária reposição de quadros e militantes, Mário Covas logo viu quem poderia servir de esteio e instrumento para futuras aventuras políticas em que pensava se lançar - o escolhido, Geraldo Alckmin. Era o vice-governador perfeito, não só por uma longa tradição política oligárquica familiar que unia São Paulo e Minas Gerais, porém, acima de tudo, por seu rígido treinamento para ser um homem de palha.

Todavia, como o destino, normalmente tem planos bem diferentes daqueles que as pessoas traçam para si mesmas, Geraldo Alckmin, com a morte de Covas, chegou ao poder de seu Estado mais do cedo do que pensava e embora tivesse aprendido algo com Covas, faltava-lhe a experiência e o faro político do santista. Porém, mesmo assim, com a ajuda de alguns seguidores, gradual e seguramente deu continuidade ao plano político de desmonte do Estado de São Paulo e à criação de uma rede de apoios, tendo o Tesouro e o Erário estaduais como suporte. Bases que lhe garantiram sair vencedor em alguns embates internos do PSDB paulista. Foram vitórias bem exclusivas e de uso quase doméstico, pois, nada produziram para a melhoria da administração pública do Estado, ao contrário, ampliaram-se algumas benesses como prêmio para aliados e reduziram-se serviços, para garantir com esses cortes de despesas, os meios para assegurar a continuidade dessas gentilezas.

Como Geraldo Alckmin é um fiel seguidor das teses de José Maria Escrivá, em que a obediência está acima de qualquer coisa, e as teses de José Maria Escrivá justificam e quase divinizam a sociedade de classes, portanto, o capitalismo, Alckmin era e é "the right man in the right place". É sempre bom lembrar, que um homem de palha, embora possa ter múltiplas utilidades para a sua ordem ou classe social, carece daquilo que dá ao homem o direito e o poder de ser livre, que é a visão crítica. Desse modo, mesmo que sejam enormes e poderosas as forças econômicas que lhe dão suporte, como é incapaz de compeender o mundo fora dos ínfimos limites da prisão ideológica em que vive, é alguém mais fácil de ser derrotado, da mesma forma que o outro homem de palha, José Serra, está sendo desfeito.

Basta uma forte ventania para que os homens de palha do PSDB se desfaçam. E essa mesma ventania serve para afastar os corvos. E desta vez, quem faz o vento é a força do povo. Ventos que encrespando as águas do mar, criaram a Onda Dilma Rousseff, que de embolada vem trazendo para o centro da cena política paulista, Aloizio Mercadante, para Governador do Estado de São Paulo e Netinho e Marta, para o Senado Federal por São Paulo.

Pedro Ayres

*GilsonSampaio


Lei tucana: o que é ruim, se esconde

Vocês lembram daquela frase “Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde”, dita pelo ex-ministro Rubens Ricúpero e captada na parabólica durante a eleição de Fernando Henrique? A “lei” tucana continua valendo, ao menos se a gente considerar duas matérias – separadas – publicadas pelo Estadão.
Na primeira, talvez para demonstrar que a “pobre” Dilma se “pendura” no Lula, destaca que o presidente apareceu em 27% do tempo de sua propaganda na televisão. Um quarto do tempo? É até pouco, se ela é a candidata da continuidade do Governo Lula. Se Lula é Dilma e Dilma é Lula, porque esconder isso? E ela é isso sem perder sua personalidade, pois até a turma do Datafolha reconhece hoje que ela não está atraindo eleitores apenas por isso, mas pelo seu desempenho próprio.
Na outra, revela-se que a campanha do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, está sendo “comedida” nas citações a José Serra.
Comedida? Sabe quanto tempo no total de 7 minutos por programa do Alckmin, nestes 11 dias de campanha?

DOIS, isto mesmo, DOIS SEGUNDOS! No total, não é por dia, não! Diz a matéria:

“Os cinco programas veiculados até agora no horário nobre da TV – que totalizaram 40 minutos de propaganda eleitoral – dedicaram apenas 2 segundos para mostrar imagens de Serra. O ex-governador paulista não ganhou destaque nem mesmo quando a publicidade alckmista prometeu dar continuidade a projetos criados por ele, como os Ambulatórios Médicos de especialidades (AMEs) e a Rede de Reabilitação Lucy Montoro.”
E olhem que o marqueteiro de Serra é o mesmo Luiz González que faz a campanha de Serra. O cara entende mesmo de marketing, sabe o que dá voto. Só não conta com o fato de que o paulista não é bobo e isso não vai evitar o segundo turno por lá.

*Brizolaço

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