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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 23, 2010

São Paulo precisa ser Feliz






Mudando o curso da história com a eleição de Mercadante

O significado histórico da eleição de Mercadante (PT) no estado de São Paulo, precisa ser melhor melhor dimensionado, e melhor compreendido, para dar a verdadeira importância histórica.

Na superfície, vemos os 16 ou 24 anos de governo do grupo demo-tucano que está aí, deixando um legado de pedágios extorsivos, alagões, cracolândias, PCC's, crise na educação, engarrafamentos e escândalos de corrupção abafados, com polpudas contas bloqueadas na Suíça.

Mas o buraco é bem mais embaixo e tem impactos em todo o Brasil.

Os governos demo-tucanos paulistas tem a visão imperialista sobre os demais estados brasileiros por um lado, e a visão subalterna de colonizados diante dos países ricos, por outro lado.

São Paulo não deve ficar entrando em guerra fiscal com estados mais pobres do Brasil, impedindo seu desenvolvimento, como fizeram Serra e Alckmin.

Quando os outros estados se desenvolvem, São Paulo também ganha com o crescimento do mercado interno, vendendo produtos fabricados em solo paulista.

Por isso São Paulo precisa entrar em outro patamar, na fase que o presidente Lula inseriu o Brasil internacionalmente, e pensar grande. Precisa competir com os países ricos, pelos mercados da América Latina, da África, do Oriente Médio, e também conquistar mercados dentro dos próprios países ricos.

José Serra (PSDB), como relator do capítulo tributário na constituinte, usou a lei do mais mais forte, de maior poder político e econômico, para saquear o ICMS do petróleo, prejudicando o Rio de Janeiro, Espírito Santo e Sergipe na constituinte. Saqueou também o ICMS da eletricidade de Itaipu, prejudicando o Paraná. Não precisava fazer isso, e só teria a ganhar se não tivesse saqueado. Estes estados, todos vizinhos de São Paulo, quando enriquecem, são também mercados consumidores de produtos paulistas.

Nos governos de Alckmin e Serra, eles achavam São Paulo pequeno para ter um banco como o Banespa. Venderam para os espanhóis. Achavam SP pequeno para ter companhias de energia. Venderam a Eletropaulo para a falida AES. Achavam São Paulo pequeno para ter um empresa de telefonia e banda-larga, com tarifas que dá e sobra para amortizar qualquer investimento. Deixaram vender a Telesp para os espanhóis.

Não por acaso, o PIB da Espanha havia passado o do Brasil na época de FHC. São Paulo foi submissa diante de Madri, de Nova York, se comportando como Colônia diante da Metrópole.

Nos anos FHC, o escritório da GM para a América Latina, chegou a fechar em São Paulo e atender em Miami, sem qualquer reação dos governadores demo-tucanos.

Empresas de informática saíam de São Paulo e iam para o Chile atender toda a América Latina. Alckmin, Serra e FHC, não tinham coragem de taxar os produtos e serviços vindos do Chile, destas empresas, mas Serra se fez de "macho" para sobretaxar os produtos da Zona Franca de Manaus, barrando sua entrada em São Paulo.

A Argentina já foi um dos países mais rico do mundo, e por acomodação e relações carnais com o neoliberalismo, empobreceu, enquanto outros países enriqueceram. Se São Paulo quiser viver do passado, se acomodando com a tradição de locomotiva do Brasil, também acabará ficando para trás, porque o Brasil tem muita riqueza para ser desenvolvida em todos os estados, e comporta várias locomotivas.

São Paulo com Mercadante, crescerá de dentro para fora, como o Brasil de Lula e Dilma, sem ser imperialista sobre os demais estados brasileiros, pelo contrário, aproveitando as oportunidades de crescimento do mercado interno.

São Paulo, com Alckmin, continuará pensando pequeno, com guerrinhas fiscais com estados do Nordeste, com o Amazonas, com o Espírito Santo, com Santa Catarina, e com a visão submissa diante dos países ricos, vendo o Brasil e América do Sul crescer em torno de si.

Até para a reforma tributária sair, é mais viável um pacto nacional com Mercadante. Ele não deixaria São Paulo sofrer perdas, mas não teria a visão tacanha de obstruir o desenvolvimento de longo prazo. Com Alckmin, será repeteco das discussões que já foram emperradas por ele e Serra, durante o governo Lula.

São Paulo, com Alckmin, será como aquele vizinho de família rica, que recebeu uma boa herança e, em vez de trabalhar e estudar para prosperar também, fica revoltado com os vizinhos que enriquecem, e quase tem um ataque quando vê seu vizinho operário, no fim da rua, comprar um carro parecido com o dele.

*amigosdopresidenteLula




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