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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 06, 2012

O que muitos já sabiam: VEJA a serviço do crime organizado

 

As suspeitas levantadas nos últimos anos sobre a revista VEJA pela imprensa independente e blogs, estão sendo confirmadas pelas revelações feitas no óvazamento das informações da operação Monte Carlo. Da fabricação de factóides políticos à espionagem ilegal, a revista esteve todo o tempo representando interesses de uma organização criminosa da qual faz parte.
Seja com o intuito de livrar criminosos da condenação, como aconteceu na cruzada para inviabilizar juridicamente a operação Satiagraha e desmoralizar os responsáveis por ela, seja para criar crises institucionais no governo federal, ou para defender interesses financeiros do consórcio que faz parte, a revista e seus prepostos cometeram crimes e atentaram gravemente contra o estado de direito democrático.
Confirmada a relação próxima do diretor da Sucursal de Brasília da revista, Policarpo Junior, com o conhecido contraventor Carlinhos Cachoeira e seus arapongas, começam a aparecer os indícios que a VEJA usava com frequência os serviços de espionagem de políticos, ministros e personalidades públicas para servir de base as suas reportagens.
Essa semana o Correio Braziliense publicou uma matéria que aponta que as imagens publicadas pela revista do Hotel onde se hospedava José Dirceu teriam sido obtidas pela equipe de arapongas do contraventor. Até hoje a VEJA jurava que as imagens tinham sido obtidas pelo circuito interno do Hotel. Na época, nós analisamos as imagens e afirmamos, em primeira mão, que pelas suas características tinham sido obtidas através de câmeras espiãs (Clique aqui para ler o artigo VEJA passou recibo do crime).
Diálogos captados pela Polícia Federal mostram que Carlinhos Cachoeira gabava-se por ser a maior fonte da revista. Foram registradas mais de duzentas ligações entre o contraventor e Policarpo Junior, além de encontros pessoais. A revista, por sua vez, utilizava o material obtido ilegalmente por Cachoeira, imagens, vídeos, áudios e e-mails interceptados, e atribuía a “fontes” na ABIN, com o intuito de acusar o governo federal de tentar atacar adversários políticos utilizando os métodos que a própria revista praticava, e ao mesmo tempo tentando enfraquecer a agência de inteligência e a Polícia Federal.
O conhecido episódio do suposto grampo da conversa entre o Senador preferido do Contraventor, Demóstenes Torres, e o Presidente do STF à época, Gilmar Mendes, cujo áudio nunca foi mostrado pela revista, e que investigações recentemente concluídas pela PF afirmaram que nunca existiu, foi motivo de grande estardalhaço no país, com o governo Lula sendo acusado de estado policialesco, gerando grande desconforto quando Mendes declarou publicamente que “chamaria o Presidente às falas”, e culminando com a demissão de Paulo Lacerda da ABIN, um profissional qualificado que vinha se dedicando a desmontar o crime organizado no país.
A grave farsa que colocou em risco a estabilidade política do país e o equilíbrio entre os poderes, tramada por personagens que as investigações da operação Monte Carlo revelaram serem sócios (Demóstenes, A VEJA e provavelmente Gilmar Mendes) apesar de ter sido completamente desmontada por investigação séria, não motivou qualquer retratação da revista ou dos outros personagens envolvidos que cobraram explicações do governo federal à época.
Em um país com uma imprensa e judiciários sérios, esses episódios seriam suficientes para levar a revista a encerrar suas atividades e levar seus responsáveis ao banco dos réus, mas os tentáculos da organização criminosa alcança o poder judiciário e outros veículos de comunicação ( com raras exceções como no caso da revista Carta Capital).
Muita informação ainda está por ser revelada, como o conteúdo das conversas entre o contraventor e o representante da VEJA, portanto preparem seus narizes para o mau cheiro que essas informações vão exalar.
*comtextolivre

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