Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 05, 2012

PSDB tenta afastar Protógenes da CPI: ataque pessoal

 


Parlamentares do PSDB integrantes da CPI mista do caso Cachoeira questionaram a participação do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) na comissão. Segundo o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), cassado por abuso do poder econômico e político em 2008, o deputado estaria envolvido no caso. Para Protógenes, o pedido é um ataque pessoal porque ele é autor de processo na Câmara contra o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), por vandalismo praticado em seu gabinete.

O presidente da CPI, Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) negou o pedido Cássio Cunha Lima, que leu a questão de ordem apresentada pelo partido, afirmando que Protógenes foi citado em gravações interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.

Vital do Rêgo rejeitou o pedido de impedimento alegando que não tem a prerrogativa de derrubar uma determinação regimental, em decisão conjunta de deputados e senadores. Para vetar a indicação de Protógenes, orientou Vital, o partido terá de apresentar um requerimento a ser votado em sessão do Congresso.

Protógenes classificou a questão de ordem do PSDB como “absurda, maldosa e desrespeitosa”. Para ele, a intenção do pedido é deferir um ataque pessoal, pois ele é autor de um processo na Câmara contra o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), por vandalismo praticado em seu gabinete.

Sérgio Guerra e o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) arrancaram um cartaz da CPI da Privataria Tucana, defendida por Protógenes, da porta do gabinete do deputado paulista.

“Minha participação é legítima, legal e constitucional. Originalmente eu fui o autor do pedido de investigação contra o Cachoeira. É uma contradição me vincular a qualquer crime praticado pelo grupo dele”, disse o deputado contestando a argumentação do tucano. Ele lembrou ainda que foi ele quem começou o processo de coleta de assinaturas de adesão para a criação de um colegiado de investigação na Câmara, com mais de 200 assinaturas.

Cassado por abuso do poder econômico e político em 2008, Cássio alegou que, como pairam suspeitas contra Protógenes, ele não poderia participar de uma CPI mista que, em tese, poderia investigá-lo.

De Brasília
Com Congresso em Foco
*Onipresente

Nenhum comentário:

Postar um comentário