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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 10, 2013

"Não se faz saúde sem médico"


O Conselho Federal de Medicina não poupou críticas à idéia do governo de trazer médicos estrangeiros para atuar em regiões carentes do interior do Brasil. 
Várias entrevistas com representantes da categoria foram publicadas nos últimos dias, e em todas a iniciativa foi repudiada em termos veementes. 
O outro lado, porém, quase não foi ouvido. 
Mas as ponderações do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estão desde terça-feira no Blog da Saúde. 
Com um pouco de boa vontade, o contraditório apareceria nas matérias. 
Para quem se interessa pelo assunto, vale ler a nota do ministro, reproduzida abaixo na íntegra: 
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou, nesta terça-feira (7), durante anúncio de ações do programa Viver sem Limites, em Brasília, que o governo federal analisa experiência de outros países para atrair médicos para o interior, regiões carentes e periferias de grandes cidades. “Não se faz saúde sem médico. 
O Brasil precisa de mais médicos com mais qualidade e mais perto da população”, disse. 
O Brasil possui hoje 1,8 médicos por mil habitantes. Esse índice é menor do que em outros países, como a Argentina, 3,2 médicos por mil habitantes, e Portugal e Espanha, ambos com 4 por mil. 
Em janeiro deste ano, prefeitos apresentaram à presidenta Dilma Rousseff a dificuldade em contratar médicos nos municípios pequenos e regiões mais carentes. 
“Uma das questões que virou tabu no Brasil é que o país tem muito médico. Contudo, os números não sustentam isso”, destacou Padilha. 
Entre as sugestões apresentadas pelos gestores municipais estão politicas para atração de médicos estrangeiros, a exemplo de estratégias utilizadas por países desenvolvidos
Enquanto no Brasil 1% dos médicos se formou em outro país, na Inglaterra esse índice é de 40% e nos Estados Unidos, 25%. Canadá, 22%, e Austrália, 17%. 
“Nós vamos continuar estudando alternativas possíveis, inclusive aprendendo com experiências de outros países“, salientou o ministro Padilha. 
As alternativas que estão sendo estudadas pelo Ministério da Saúde com base na experiência de outros países consideram a atuação de médicos com formação de qualidade e a inserção deles na realidade brasileira de forma responsável, bem como sua atuação nas áreas que mais carecem de profissionais. 
Segundo Padilha, está descartada, por exemplo, a revalidação automática de diplomas e a contratação de médicos de países com índice de profissionais menor que o Brasil. 
Entre as políticas voltadas a atuação de médicos nas regiões que mais precisam, destaca-se a atuação conjunta dos ministérios da Saúde e da Educação na estruturação dos serviços de saúde, ampliação de vagas de graduações em medicina nas periferias e pequenos municípios. 
Outra iniciativa é o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), em que o Ministério da Saúde oferece bolsa de R$ 8 mil para que médicos recém-formados trabalhem em Unidades Básicas de Saúde nas regiões mais carentes. 
Neste ano, 3.895 médicos estão atuando no programa, que conta com acompanhamento de universidades, especialistas e gestores de saúde.
Postado por CRÔNICAS DO MOTTA

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