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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 15, 2013

LIBERTEM BRADLEY MANNING

Condenação de Bradley Manning é crime contra a humanidade


 

Via redecastorphoto
Resposta à declaração de Bradley Manning em 14/8/2013
 WikiLeaks
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Os jornais informam que Bradley Manning fez hoje uma declaração de arrependimento, em audiência para sentença, em Fort Meade, Maryland. A declaração de Manning surge no fim de uma corte marcial, na qual os procuradores atuaram com fúria sem precedentes.
Desde que foi preso, o Sr. Manning tem sido exemplo de resistência e coragem ante a adversidade. Resistiu sempre a pressões extraordinárias. Sobreviveu à prisão em cela solitária, nu e submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, pelo governo dos EUA. Ignorou-se o seu direito constitucional a julgamento rápido. Está preso há três anos, sob condições ilegais de prisão, enquanto o governo arrebanhava 141 testemunhas e ocultava os milhares de documentos aos quais os advogados da defesa não tiveram acesso.
O governo negou-lhe o direito de construir defesa básica de whistleblower[alertador]. Foi indevidamente acusado, até que se viu ante a iminência de ser condenado a um século de cadeia, tendo tido impedidas praticamente todas as suas testemunhas, exceto umas poucas. Negaram-lhe o direito de declarar em sua defesa, no julgamento, que os atos de que era acusado não provocaram dano algum. Seus advogados foram preventivamente impedidos de falar das intenções do acusado e de provar que suas ações não prejudicaram ninguém.
Bradley Manning
Apesar de todos esses obstáculos, o Sr. Manning e sua equipe de defesa lutaram passo a passo a luta que lhes foi imposta. Mês passado, foi condenado a penas que chegavam a 90 anos de prisão. O governo dos EUA admitiu que suas ações não feriram fisicamente ninguém; e foi absolvido da acusação de “ajudar o inimigo”. Suas condenações só têm a ver com a suposta decisão de informar a opinião pública sobre crimes de guerra e a prática sistemática de atos injustos.
Mas, afinal, se esgotaram as opções para o Sr. Manning. A única moeda que essa corte militar aceitaria seria a humilhação. À luz disso, a decisão forçada do Sr. Manning, de pedir desculpas ao governo dos EUA, na esperança de reduzir uma década ou mais em sua sentença, tem de ser vista com compaixão e compreensão.
As desculpas foram declaração arrancada dele, depois de longo massacre a que foi submetido sob o peso do sistema militar judicial dos EUA. Foram necessários três anos e milhões de dólares, para extrair dois minutos de remorso tático desse homem valente.
As desculpas foram extraídas à força de Bradley Manning. Em corte justa, o governo dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning. Como o atesta a sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz, já com mais de 100 mil assinaturas, Bradley Manning mudou o mundo para melhor. E ele permanece, como símbolo de coragem e de resistência humanitária.
As desculpas do Sr. Manning mostram que, no que tenha a ver com sua sentença, ainda há décadas pelas quais lutar.
Nesses dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra a corte militar que julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que terá de cumprir.
WikiLeaks continua a apoiar Bradley Manning e manterá a campanha, até que seja posto em liberdade, sem condições.
LIBERTEM BRADLEY MANNING
*Gilsonsampaio

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