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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 15, 2013

não é o maior escândalo de corrupção da história do país, mas certamente o mais investigado, afirma ministro do STF

Privataria liderada por Serra e pelo PSDB: R$ 110 bilhões e 155 milhões; sonegação da Globo: R$ 615 milhões; corrupção tucana do metrô de São Paulo: R$ 425 milhões. Definitivamente, o "mensalão" do PT (R$ 55 milhões) não é o maior escândalo de corrupção da história do país, mas certamente o mais investigado, afirma ministro do STF




Para Barroso, mensalão 'não foi o maior da história, mas o mais investigado'

por MATHEUS LEITÃO e SEVERINO MOTTA para a Folha de São Paulo

14/08/2013 - 16h17


O ministro Luis Roberto Barroso afirmou nesta quarta-feira (14) que o caso do mensalão não foi o maior escândalo político da história, mas o mais investigado.

Barroso é o mais novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal ), indicado pela presidente Dilma Rousseff em maio.

O ministro disse que "é no mínimo questionável a afirmação de se tratar do maior escândalo político da história do país". "Talvez se possa afirmar sem margem de erro é que foi o mais investigado de todos, seja pelo Ministério Público, pela Política Federal ou pela imprensa", afirmou.

Para o ministro, o mensalão não foi um evento isolado na vida nacional, quer do ponto de vista quantitativo, quer do ponto de vista qualitativo. "Justamente ao contrário, ele se insere em uma tradição lamentável que vem de longe".

"Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção, não há corrupção melhor ou pior dos nossos ou dos deles, não há corrupção do bem. A Corrupção é um mal em si e não deve ser politizada", afirmou Barroso.

O ministro afirmou que a pena foi exacerbada porque quem absolveu, mas foram minoria na hora da condenação, não votou na hora de dar a pena.

Barroso também opinou sobre a política brasileira. "Se não houver reforma política tudo vai acontecer de novo". Para ele, uma campanha barata para deputado federal custa 4 milhões e, caso seja, eleito o salário líquido não chega a um milhão. "O modelo brasileiro produz criminalização da política", diz.

As declarações de Barroso aconteceram logo após o STF retomar o julgamento do mensalão hoje quando aprecia o primeiro lote de recursos apresentado pelos condenados.

Nessa fase do julgamento serão analisados os chamados embargos declaratórios, que não podem reverter uma condenação e serve para esclarecer pontos considerados obscuros ou sanar omissões e contradições do acórdão, isto é um resumo do que foi decido no processo.

O julgamento do mensalão aconteceu no segundo semestre do ano passado. Com a duração de quatro meses e meio, foi o mais longo da história do STF.

A Corte condenou 25 réus, entre eles o chefe da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu, considerado o chefe da quadrilha que distribuiu dinheiro a parlamentares em troca de apoio político no Congresso.
*Opensadordaaldeia 

A fala de Luís Roberto Barroso no STF

Em sua estreia no julgamento do mensalão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou que a corrupção não pode ser politizada, descolando, desta forma, o esquema ocorrido em 2005 do PT. "Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior, dos ‘nossos’ ou dos ‘deles’. Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada", disse o ministro Barroso em seu voto, tornando-se o destaque da sessão que retomou o julgamento ao analisar recursos dos condenados.
Ao embasar seu voto, Barroso comparou o mensalão - inclusive os valores envolvidos - a outros escândalos de desvios de recursos públicos. E afirmou que a lista de casos recentes de envolvimento de políticos em esquemas de corrupção é uma consequência do modelo político eleitoral brasileiro. O ministro será o relator do chamado "mensalão mineiro", que atinge políticos do PSDB, no STF.
Barroso destacou o rigor do STF no caso. Ao ser sabatinado pelo Senado após sua indicação para uma vaga no STF no fim de maio, o ministro já havia afirmado que o mensalão foi um "ponto fora da curva", pois o Supremo "endureceu" a jurisprudência ao analisar a ação penal.
Ontem, Barroso retomou a polêmica: "É no mínimo questionável a afirmação de se tratar do maior escândalo político da história do País. Talvez o que se possa afirmar, sem margem de erro, é que foi o mais investigado de todos, seja pelo Ministério Público, pelo Polícia Federal ou pela imprensa. Assim como foi, também, o que teve a resposta mais contundente do Poder Judiciário".
Comparações
O ministro novato lembrou que a estimativa de desvios no esquema do mensalão chegou a R$ 150 milhões. E nominou outros casos recentes. Citou a CPI dos Anões do Orçamento, em 1993, com "desvio bilionário" de recursos de emendas parlamentares, o caso dos precatórios, de 1997, com "perda de alguns bilhões para a Fazenda Pública", a construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, de 1999, com "desvios de muitas dezenas de milhões" e o escândalo do Banestado, em 2003, com a "remessa fraudulenta para o exterior de mais de R$ 2 bilhões".
Reforma política
A solução para coibir a repetição de casos como esses seria, na visão de Barroso, a aprovação de uma reforma política, proposta defendida pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações de rua em junho. "A imensa energia jurisdicional despendida no julgamento da AP 470 (mensalão) terá sido em vão se não forem tomadas providências urgentes de reforma do modelo político, tanto do sistema eleitoral quanto do sistema partidário. Sem reforma política, tudo continuará como sempre foi. A distinção será apenas entre os que foram pegos e outros tantos que não foram", afirmou.
*Saraiva

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