Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 25, 2014


Dilma prefere a política do “não se intrometer”

Era uma vez...

Enquanto os conservadores exercitam na Venezuela os novos instrumentos do golpe – clique aqui para ler o Saul Leblon – e, ao evitar de voltar por Caracas e convidar o Maduro para a Copa, a Presidenta Dilma preferiu a política da não intromissão.

Típico do que sobrou da política externa brasileira.

Saiu no Globo:

Dilma diz que Venezuela não é a Ucrânia



Em Bruxelas, presidente brasileira defende o diálogo e afirma que vazio político pode ser ocupado pelo caos


FERNANDO EICHENBERG, ENVIADO ESPECIAL


(…)

— Não cabe ao Brasil discutir a História da Venezuela nem o que ela deve fazer, pois iria contra o que defendemos em termos de política externa. Não nos manifestamos sobre a situação interna dos países — disse a presidente. — É importante que se olhe para a Venezuela sempre do ponto de vista também dos efetivos ganhos sociais que eles tiveram nesse processo, em termos de saúde e de educação para o seu povo.

(…)

— Quando há o vazio político, é possível que outro o ocupe. Mas há sempre um outro candidato que busca ocupá-lo. Ele se chama caos. Com o caos vem toda a desconstrução econômica, social e política. O caso da Venezuela é distinto, não é uma situação igual à da Ucrania. Sempre tivemos dentro dos órgãos latino-americanos uma posição de dar apoio À democracia, e vamos continuar — afirmou.
*PHA

Nenhum comentário:

Postar um comentário