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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Na ONU, Brasil "frita" os EUA por espionagem na web


Na sede da ONU em Genebra nesta segunda-feira (24), o governo brasileiro promove um debate com 18 especialistas de todo o mundo, além das principais autoridades de direitos humanos da ONU, para avaliar o enquadramento nas leis internacionais que a espionagem em massa na internet viola.

A iniciativa do Brasil pressiona e constrange o governo dos EUA, por causa da espionagem revelada pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, que tiveram como alvo a presidenta Dilma e a chanceler alemã Angela Merkel entre outros.

Para a semana que vem, o Brasil fechou um acordo com a Alemanha para voltar a levar para a ONU uma resolução para combater a espionagem na Internet. Além de garantir que o assunto não seja abafado, como quer os EUA, a nova resolução vai ampliar o conceito de “direito à privacidade na era digital” como fundamental.

O texto instruirá a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, a elaborar recomendações sobre como garantir a privacidade das comunicações eletrônicas e tipos de mecanismos que poderiam ser adotados.

Uma das metas é tratar a violação de privacidade por governos, sem instrumentos judiciais legítimos, como violação dos direitos humanos, portanto, sujeito a sanções. Navi Pillay defende esta posição.

Reunião Global sobre o Futuro da Governança da Internet em São Paulo

Na semana passada, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) anunciou que participará de um evento convocado pelo Brasil em abril em São Paulo justamente para debater o controle da Internet.

A cúpula contará com a formação de um comitê justamente para debater a gestão mundial da web, comporto por 26 membros. Desses, doze serão governos, além de dois representantes da ONU. Um deles será o secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré.





Em sua viagem à Bruxelas, no encontro de cúpula Brasil-União Européia, a presidenta reiterou o convite a representantes europeus para participarem do encontro em São Paulo.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, apoiou a presidenta Dilma na necessidade de aumentar a proteção de comunicações e transações na Internet, que garanta direitos legais e de soberania.
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Helena Sthephanowitz

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