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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 30, 2015

Escolas municipais de São Paulo terão aulas sobre direitos humanos

Em parceria com Instituto Vladimir Herzog, prefeitura lança projeto com material didático para para professores e alunos
respeitar
Material será utilizado para formação de professores e, a partir do ano que vem, será aplicado a todos os alunos
São Paulo – Homofobia, bullying, falta de solidariedade com os colegas, excesso de autoritarismo por parte dos professores, tudo isso são violações dos direitos humanos que acontecem dentro da escola e reproduzem o que também se passa do lado de fora.
Para lidar com essas questões, a prefeitura de São Paulo lançou, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, o projeto Respeitar é Preciso, com material pedagógico para ser trabalhado com alunos e professores das escolas da rede municipal.
O material pedagógico é formado por cinco livros que debatem as principais violações de direitos humanos ocorridas no ambiente escolar, como democracia na escola, respeito e humilhação, sujeitos de direito, igualdade e discriminação.
“O material traz propostas de atividades para serem feitas entre os adultos das escolas e com os alunos. A gente está partindo do princípio que é muito importante que os adultos também entrem em um processo de educação em direitos humanos", diz Neide Nogueira, coordenadora do Vlado Educação, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT.
Todo o conteúdo foi desenvolvido pelo Instituto Vladimir Herzog, em colaboração com 650 educadores da rede municipal de São Paulo. O trabalho surgiu das oficinas de formação sobre educação em direitos humanos realizadas nas diretorias regionais de ensino, no ano passado.
Para a professora da rede municipal Maria Bento da Purificação, os cadernos Respeitar é Preciso estão com a voz dos professores. "Os professores participavam do curso, faziam dinâmicas dentro do curso e, a partir dessas dinâmicas, da fala dos professores, ia surgindo esse material."
O lançamento do material foi realizado em parceria entre as secretarias municipais de Educação e de Direitos Humanos e Cidadania. Rogério Sottili, secretário-adjunto de Direitos Humanos, ressalta a importância do projeto: "Em prol de uma nova cultura de direitos, de respeito, de defesa da democracia, de valorização da diversidade, para que nós possamos trabalhar em várias frentes, e a frente mais importante, sem sombra de dúvida é a educação".
Neste ano, o material será utilizado para formação de novos educadores e, a partir do ano que vem, o conteúdo deve ser aplicado para todos os alunos da rede municipal.
Assista à reportagem completa.
r*RBA

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