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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 25, 2015

Sebastião Salgado: “Pela 1ª vez, os que estão no governo não são os mesmos que dominam os meios de comunicação”

Sebastião Salgado: “Pela 1ª vez, os que estão no governo não são os mesmos que dominam os meios de comunicação”


Sebastião Salgado: “Pela 1ª vez, os que estão no governo não são os mesmos que dominam os meios de comunicação”
Para o fotógrafo, esse é o motivo pelo qual hoje há informações sobre corrupção; “Pela primeira vez, os corruptores estão pagando”
Por Redação
Pouco antes de uma palestra em Belo Horizonte no início deste mês, o fotógrafo Sebastião Salgado, de 71 anos, afirmou que os casos de corrupção que estão vindo à tona nos últimos tempos se devem ao fato de que o governo federal não é mais comandado por pessoas ligadas aos monopólios de comunicação. As informações são da CartaCapital.
“Pela primeira vez, os que estão no governo não são os mesmos que dominam os meios de comunicação e por isso há informação sobre corrupção. Pela primeira vez, os corruptores estão pagando. Antes, só alguns intermediários eram acusados de corrupção”, falou em entrevista, momentos antes de participar do projeto Sempre um Papo, que leva escritores e artistas para conversarem com o público na capital mineira. 
“O Brasil já é um grande País e está cada vez mais sério”, completou. 
No encontro, Salgado, que com sua esposa mantêm o Instituto Terra – responsável pelo plantio de mais 2 milhões de árvores em Aimorés, no interior de Minas Gerais – falou também sobre a questão ambiental no país. 
“Matamos os nossos rios e as nossas florestas, e não há partido ou político que vá resolver isso sozinho”, afirmou, explicando ainda os motivos que, na sua opinião, levaram à situação atual de falta d’água. 
“Depois do segundo governo do PT, há um acesso de 40 milhões de pessoas à classe média. Isso nunca aconteceu e é positivo, mas gera demanda de água”, analisou.
Foto: Cristine Rochol/PMPA

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