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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 31, 2015

O governo brasileiro, , poderá usar o fato para levar adiante o debate sobre a democracia na mídia.

Agora é mundial: Fórum Social pede regulação democrática da mídia

 Miguel do Rosário
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A mídia brasileira vai tentar esconder, mas os movimentos sociais que pedem a democratização da mídia ganharam um aliado poderoso: o Fórum Social Mundial, realizado este ano na Tunísia, dentro do qual aconteceu também o Fórum Social de Mídias Livres.
Após dias de intenso debate, os participantes do encontro aprovaram uma carta em que pedem “marcos democráticos de regulação da comunicação, por meio de órgãos independentes, o apoio aos meios de comunicação comunitários e a independência da mídia pública em relação ao governo e ao mercado.”
O governo brasileiro, se tiver inteligência e coragem, poderá usar o fato para levar adiante o debate sobre a democracia na mídia.
O ministro da Comunicação, Ricardo Berzoini, sempre que aborda o tema, fala que ouvirá a sociedade.
Ótimo, mas se o governo esperar que a defesa por um sistema de comunicação mais democrático venha dos próprios meios de comunicação que se beneficiam do oligopólio atual, então nada vai mudar nunca.
A nossa mídia corporativa, que se consolidou na ditadura, não irá, jamais, entregar seu poder de graça. Isso é até compreensível.
O que não é compreensível é o governo renunciar, de graça, a uma das bandeiras principais dos movimentos que lhe sustentam, e aliar-se à mídia que trabalha diuturnamente para lhe destruir.
E a cada dia que o governo não faz nada, ele está se aliando a essa mídia, e, portanto, perdendo força e dando força a seu adversário.
Berzoini, ponha a cabeça para fora da janela: agora não são apenas todos os movimentos sociais do Brasil a pedir a democratização da mídia, agora são movimentos sociais do mundo inteiro!
O que mais você quer?
*
Fórum Social Mundial lança carta pela mídia livre
28 DE MARÇO DE 2015 ÀS 10:00
Ana Cristina Campos – Enviada Especial da Agência Brasil
A Carta Mundial da Mídia Livre, com princípios e ações estratégicas para promover uma comunicação democrática em todo mundo, foi lançada hoje (28) na Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação, no último dia do Fórum Social Mundial, na Universidade El Manar, em Túnis, capital da Tunísia.
Entre as prioridades estabelecidas no documento estão o desenvolvimento de marcos democráticos de regulação da comunicação, por meio de órgãos independentes, o apoio aos meios de comunicação comunitários e a independência da mídia pública em relação ao governo e ao mercado.
A carta também defende a governança democrática da internet, incluindo a garantia de neutralidade da rede, o direito à vida privada e à liberdade de expressão, além da universalização do acesso aos meios de comunicação e à internet banda larga.
Após o lançamento da carta, os ativistas da comunicação pretendem construir parcerias com outros setores para a promoção dos princípios do documento e divulgar o documento em debates e fóruns de discussão sobre as mídias e a internet livres, entre outras iniciativas.
Comunicadores, blogueiros e representantes de movimentos sociais de diversos países debateram, desde o dia 22 de março, a liberdade de expressão e o direito à comunicação na quarta edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) na Universidade El Manar. O FMML é um evento paralelo ao Fórum Social Mundial.
*Tijolaço

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