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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 08, 2015

Em primeiro lugar, porque nós temos de condenar todas as manifestações de ódio e intolerância. Essa não é a índole do povo brasileiro.

Ato contra o ódio promove abraço simbólico ao Instituto Lula




Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Cerca de mil pessoas promoveram um abraço simbólico ao Instituto Lula nesta sexta-feira (7). O abraço "contra o ódio e a intolerância, pela apuração dos responsáveis" foi organizado pelo diretório municipal do PT em São Paulo como uma manifestação solidariedade ao Instituto e de repúdio à bomba atirada contra o local na semana passada.
Lula chegou acompanhado da ex-primeira-dama Marisa Letícia e foi recepcionado com cartazes e faixas de apoio. De uma janela do prédio, o ex-presidente atirou rosas e cravos aos manifestantes. Estiveram presentes, ao lado da militância: Adi dos Santos Lima, presidente da CUT-SP; Alexandre Padilha, secretário de Relações governamentais de SP; Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil; Ana do Carmo, deputada estadual; Ana Perugini, deputada federal; Andrés Sanches, deputado federal; Antonio Donato, vereador de São Paulo; Artur Henrique, secretário de Trabalho da cidade de SP; Aytan Sipahi, militante histórico do PT; Benedita da Silva, deputada federal; Brás Marinho, presidente do PT de São Bernardo; Breno Altman, jornalista; Carlos Grana, prefeito de Santo André; Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá; Devanir Ribeiro, ex-deputado federal; Edinho Silva, ministro da Secom; Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos de SP; Emídio Souza, presidente estadual do PT-SP; Emir Sader, sociólogo; Gog, Rapper; Jamil Murad, vereador de São Paulo; Jaques Wagner, ministro da Defesa; José Graziano, diretor-geral da FAO; Ladislau Dowbor, economista; Laurindo Leal Filho, sociólogo; Lindbergh Farias, senador; Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo; Luiz Turco, presidente do PT de Santo André; Marcos Lula, vereador em São Bernardo; Max Altman, jornalista; Paulo Fiorilo, vereador de São Paulo; Ricardo Patah, presidente da CTB; Rui Falcão, presidente nacional do PT; Sebastião Almeida, prefeito e Guarulhos; Teonílio Barba, deputado estadual; Valter Pomar, da Executiva nacional do PT; Valter Sanches, diretor de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; Vicente Cândido, deputado federal; Wagnão, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Zé Ferreira, vereador de São Bernardo do Campo. E representantes das entidades: Apeoesp; CMP; Contracs; CTB; CUT; Movimento População de Rua; PCdoB; PCO; PDT; PT; Sincoverg, UNE, MTSC e FLM.
Leia abaixo algumas das manifestações das personalidades presentes a favor da democracia:
Alexandre Padilha, secretário de Relações Governamentais do Governo Haddad, ex-ministro
O atentado ao Instituto Lula é um atentado à democracia, à tolerância, a tudo que por que nós lutamos nesse país. Nós estamos aqui também para cobrar a apuração dos responsáveis, para que não se propaguem gestos de intolerância. 
Benedita da Silva, deputada federal
Este ato é a demonstração de que o Partido dos Trabalhadores está organizado e não aceita nenhum golpe e que essa prática terrorista aqui no Instituto Lula vai fazer com que estejamos cada dia mais atentos. Eles não querem a Democracia, mas ela se implantou e vai ficar. E nós vamos estar cada dia mais a conquistando. Lula é o maior líder que nós temos na política brasileira e internacional, e portanto nós estamos junto com ele. Mexeu com ele, mexe com a gente.
Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação Social
Divergências devem ser resolvidas no debate político e se for uma questão de fundo, uma questão de direcionamento, se resolve no processo eleitoral. Você não pode resolver divergências políticas afrontando a democracia, afrontando as instituições democráticas. 
Eduardo Suplicy, ex-senador, secretário de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo
Eu vim aqui como centenas senão alguns milhares de companheiros, admiradores, pessoas que ao longo dos últimos 35, 40 anos sempre estivemos solidários aos trabalhadores, à causa da democracia, aos objetivos de construção democrática de uma nação mais justa, solidária e fraterna. Nós viemos aqui para dizer que achamos inadmissível e condenamos fortemente qualquer ato de violência contra quem quer que seja, ainda mais aqui um atentado que se realizou há poucos dias contra o Instituto Lula. Então estamos aqui solidários ao presidente Lula, a todos os diretores do Instituto Lula e para apoiar às manifestações que se dêem de forma pacífica numa democracia, e Constituição Federal Brasileira assugura o deireito de manifestação de quem quer que seja desde que de  maneira respeitosa e pacífica. Então viemos aqui para condenar este ato de atentado às nossas instituições democráticas.
Emir Sader, sociólogo e cientista político
Lula, e por extensão, o Instituto, é a figura-chave do passado, presente e futuro do Brasil. Eles lutam para destrui-lo e nós, para que ele seja o articulador da recomposição das forças populares do Brasil.
Jamil Murad, médico e membro do Comitê Central do PCdoB
Estamos aqui para protestar contra a violência da oposição; forças políticas, sociais, para dizer: nós defendemos a democracia e exigimos respeito.
Jaques Wagner, ministro da Defesa
"Eu acho que o direito de manifestação é fundamental. Considero que houve uma agressão clara, um pouco consequência do ambiente construído neste momento, estranho à história da democracia brasileira. Então alguém se acha no direito de jogar seja lá o que for... Eu acho que essa coisa tem de ser desmontada. Então estas pessoas que estão aqui com um sentimento de carinho pelo presidente Lula, seguramente a maior liderança popular dos últimos 40, 50 anos no brasil. Mas há também uma consciência que, no jogo da democracia, a convivência entre os diferentes é fundamental. Então tudo que estimula o ódio, a intolerância não é bem-vindo.
José Graziano, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
Todos nós estamos aqui hoje defendendo o direito dos cidadãos de se manifestar livremente e ter opiniões diferentes sem ser violentos. Não há espaço para a violência neste momento do Brasil, nunca houve. O Brasil sempre foi um país que resolveu suas diferenças de modo pacífico e é isso o que todos nós queremos.
Ladislau Dowbor, membro do Conselho África do Instituto Lula e professor titular da PUC-SP
É uma reação da sociedade a um ato de bestialidade política. Usar de terrorismo depois de tanta luta para conquistar a democracia é regredir. Os acertos, a construção e a tranformação que houve no Brasil nos últimos anos é patente. Tentar voltar atrás é lamentável. A reação das pessoas para defender o que a gente conquistou vai ser muito forte.
Laurindo Leal Filho, sociólogo e jornalista
É importante como primeiro passo para que mais grupos sociais se integrem nessa luta contra o golpe. Um ato como esse tem dois significados: a defesa da democracia e despertar a população para a necessidade do confronto de ideias em termos civilizados.
Lindbergh Farias, senador
Esse ato é um movimento de repulsa ao ato bárbaro que aconteceu aqui. Infelizmente setores da oposição brasileira tinham que ter dado um peso maior ao que aconteceu aqui. Eu não vi nenhuma declaração forte de lideranças do PSDB, do Aécio, do Fernando Henrique Cardoso... isso foi um atentado contra um ex-presidente da República do Brasil que tem um nome muito forte não só no país, mas representa muito o Brasil fora do Brasil. E o que a gente veio fazer aqui foi um desagravo. A gente não vai aceitar que movimentos facistas como esse prosperem. E queremos — por isso que eu faço questão de falar da oposição — cobrar um posicionamento mais firme da oposição contra um ato como esse que aconteceu aqui.
Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo
Nós pertencemos a uma geração, a algumas gerações, que conheceram o significado do que é intolerância, do que foi a ditadura militar, o que uma crise inventada, forçada pode levar. E nós sabemos que a democracia brasileira construiu vários líderes, de várias visões ideológicas... Mas a democracia produziu a maior liderança brasileira de todos os tempos, que é o presidente Lula. Uma direita raivosa, que tem a coragem de começar a mostrar as garras e ter a petulância de fazer um... na prática de executar um ato terrorista. Se fosse nos Estados Unidos, isso aqui ia ser enquadrado como terrorismo e possivelmente as forças de inteligência já teriam localizado, já etava preso e tal. Nós precisamos chamar a atenção do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal para os perigos que um processo desse crescente pode acontecer. Eu observo que tem muita gente que são corruptos confessos e que estão sendo tratados pela mídia como coitadinhos, como colaboradores. Corruptos confessos. Tudo para sacrificar o PT, sacrificar o Lula, sacrificar o governo. É preciso ter, evidentemente, um processo de serenidade para conduzir o país pra passar por essa crise econômica, mas é preciso ter responsabilidade de todos os órgãos que tenham responsabilidade para manter o Brasil nos trilhos.
Esse ato representa o simbolismo da militância de esquerda, popular, não só do PT, como mensagem: não brinque com isso, que isso é coisa séria. E precisamos continuar, acima de tudo, transformando o Brasil, porque tem muito pra fazer.
Renato Rabelo, presidente do PCdoB
O atentado é exatamente um exemplo do nível da intolerância e da atitude facista que em alguns setores da nossa sociedade já se expande nessa hora. Dá corpo até a esse tipo de gente. O petardo lançado aqui o que é? O símbolo de uma violência física, de uma violência que a gente só pode entender como atitude facistoide. Então essa é a primeira questão. Segundo, Lula é um patrimônio brasileiro, porque é uma grande liderança do nosso povo e um homem de grande prestígio mundial. Aliás, nós conseguimos isso nesses 12 anos. Todo mundo fala do que a gente conseguiu, mas esse é o lado maior, é uma grande liderança. Por isso que eles querem atingir Lula. Porque o atingir Lula abre caminho para eles. Essa é que é a questão. Atingir Lula é atingir o projeto, atingir a esquerda. Por isso que nós estamos aqui. Não é uma questão só do PT, não, é uma questão da esquerda. Eles vão dizer depois que a esquerda falhou, que a esquerda não vale nada, que a esquerda exatamente levou o Brasil ao desastre. É isso que eles vão dizer. Por isso que Lula para nós é o maior símbolo da democracia e das conquistas alcançadas neste país.
Rui Falcão, presidente Nacional do PT
Em primeiro lugar, porque nós temos de condenar todas as manifestações de ódio e intolerância. Essa não é a índole do povo brasileiro. Principalmente quando esse ódio se materializa numa bomba atirada contra o local de trabalho de um ex-presidente da República, da maior liderança que este país já produziu. E é também um momento de solidariedade, dizer do nosso carinho, da nossa admiração, que estamos juntos em qualquer circunstância. Com ele, e em defesa da democracia também, porque a democracia é uma convivência de contrários, mas dentro de regras, de leis, e quando você rompe essas regras com atos de violência, a sociedade tem de reprovar.

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