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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 26, 2015

"O nível médio de informação e cultura dos cubanos é muito maior do que dos brasileiros"

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O nível médio de informação e cultura dos cubanos é muito maior do que dos brasileiros, defende jornalista brasileiro
Carro clássico cubano, com desenho de Fidel Castro na porta.
Por Veruscka Girio
Por Cid Benjamin

Como alguns sabem, visitei Cuba durante uma semana, com mais nove amigos: Milton Temer, Alfredinho do Bip-Bip, Paulo Passarinho e seu filho Pedro, Mário de Oliveira, Vitor Iório, João Pimental (o Janjão), Zé Paulo e Carlinhos Siuffo (o Baiano). Ouvimos muita música, tomamos mojito, provamos a boa cerveja local, discutimos bastante política, aprendemos em conversa com os cubanos e apreciamos aquele belo país.

Agora, a pedido de alguns amigos do Facebook, faço aqui um rápido relato sobre o que vi na viagem.

À guisa de introdução, lembro algumas coisas, antes de entrar nos problemas por que passa a sociedade cubana.

Mesmo com a crise internacional, que tem servido de justificativa para a recessão brasileira, Cuba cresceu 4% no ano passado. A previsão para este ano é que o patamar se mantenha.

Mesmo com o fim do bloco socialista, que afetou muito o país, Cuba ainda tem os melhores indicadores sobre mortalidade infantil e mortes por parto das Américas. Seus números são melhores inclusive do que os dos Estados Unidos. Isso é fruto da atenção especial à infância e às mulheres grávidas.

Cuba tem a maior expectativa de vida das Américas, superior mesmo à dos Estados Unidos, o que chega a surpreender.

Cuba tem os melhores sistemas de saúde e educação das Américas, o que é reconhecido por organismos internacionais.

Algo que salta aos olhos de quem chega a Cuba é o fato de o nível médio de informação e cultura dos cubanos ser muito maior do que os brasileiros. Aqui, é raro uma pessoa humilde conseguir articular de forma coerente seu pensamento em frases concatenadas. Basta ver a maioria das entrevistas dos jogadores de futebol. Lá, qualquer um tem uma facilidade de expressão e um conjunto de informações que salta aos olhos.

Por fim, é justo lembrar que, ao se comparar a vida em Cuba hoje com a de outros países, é preciso que essa comparação seja feita com países similares a ela na época da revolução, como República Dominicana, Guatemala, Honduras etc. Não com países europeus, que já tinham um patamar superior de desenvolvimento. E, comparada com as populações de países que estavam em seu patamar de desenvolvimento, é inegável que a população de Cuba vive muito melhor do que elas.
*solidarios

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