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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 13, 2010

Copa do Mundo futebol não é ópio é Patria (Darcy Ribeiro)








do Tijolaço


Vamos torcer para o Brasil

Para que o Brasil vença
Não apenas no futebol
Para que ele vença
As diferenças
Vença a miséria
O analfabetismo
Vença o desemprego
O egoísmo...

Orgulhe-se de ser brasileiro
Não apenas na Copa do Mundo
Mas todos os dias
Faça o melhor por seu país
Faça sua parte
Sem olhar o outro
Estenda sua mão
E ame esse lugar!
É nesse chão que você vive!
(Sirlei L. Passolongo)

A LIÇÃO QUE JONG TAE SE DEU AO MUNDO AO CHORAR NA EXECUÇÃO DO HINO NORTE-COREANO

Para mim o principal "lance" da partida Brasil X Coréia do Norte foi o momento em que o jogador Jong Tae Se, japonês, naturalizado norte-coreano chorou ao ouvir o hino da Coréia do Norte.
Quando, rotineiramente, vemos jogadores brasileiros que sequer sabem cantar o hino, sabidamente difícil, mas não impossível para quem tem boa vontade, não ter sequer uma consciência de cidadania. A maioria vive em um mundo à parte, de contratos milionários e tietagem em geral, tendo uma formação rudimentar, para dizer o mínimo, e na maioria, sem o menor interesse em acrescentar cultura e educação em seus currículos. Visto que em sua maior parte, apesar de passarem anos em alguns países, sequer conseguem aprender o idioma nativo. Não por deficiência, óbvio, mas por puro desinteresse.
Contudo, não é objetivo deste artigo falar a respeito dos brasileiros, mas sim em falar em consciência de país, de pátria.
Só para deixar claro a opinião deste Blog, não consideramos uma Copa do Mundo de Futebol, uma guerra entre nações, mas sim um congrassamento esportivo.
Posto isto, chama a atenção a atitude do jogador norte-coreano.
Um japonês de nascimento, que cresceu neste país, uma nação capitalista, e particularmente falando, mais ocidentalizado país asiático.
Com todos os requisitos do capitalismo em si.O consumismo, a ânsia pelo sucesso, o ode ao individualismo. Tudo isto vemos nas novas gerações do pós-guerra, que foram e ainda são, influenciadas pelos Estados Unidos .
E exatamente ali, neste caldo cultural, que um jovem e bem sucedido jogador de futebol decide se naturalizar Norte-coreano.
Decide ser cidadão de um país criminalizado e satanizado pelo ocidente. Decide , como já declarou, viver nele, em breve.
Este homem, não quer as vitrines coloridas, as roupas da moda, os holofotes do sucesso. Tudo que tem por direito como jogador diferenciado de futebol.
Jong Tae Se deseja ser um norte-coreano.
Não conheço a Coréia do Norte. O pouco que recebo de informação vem dos "imparciais" meios de comunicação ocidentais.
Os mesmos que defenderam a invasão do Iraque porque teria armas de destruição em massa.
Os mesmos que odeiam Cuba, embora o país exiba índices de saúde e educação superiores aos próprios norte-americanos.
Não quero afirmar que a Coreia do Norte seja um ótimo país para se viver, porém, nem tampouco posso afirmar o contrário.
Não possuo informação confiável. Não conheço o país.
Tudo que vi foi um japonês nato, chorar emocionado com o hino do país que, em plena consciência dos seus atos, escolheu para si e para sua vida.
Tudo que vi, e me emocionei, foi ver um atleta em lágrimas, ao representar seu país adotivo.
E esta cena, meus amigos, diz a mim muito mais que os luminosos anúncios da felicidade eterna do capitalismo.


do Miguel Grazziotin

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